O primeiro bombardeiro B-21 gerou polêmica nas redes com o seu nome “demoníaco”

O primeiro voo do bombardeiro B-21 Raider da Força Aérea Americana revelou mais detalhes desta exótica aeronave, incluindo seu nome “demoníaco”.

Divulgação – Northrop Grumman

Fabricado pela Northrop Grumman, o B-21 é a aeronave mais nova do arsenal americano, tendo feito seu voo de teste nesta sexta-feira. O voo inaugural foi a principal notícia do dia no setor aeroespacial e de defesa, mas um ponto chamou a atenção de quem está de fora deste meio: o nome de batismo da aeronave.

O que chamou a atenção não foi o nome oficial do modelo da aeronave, que é “Raider” que, como mostrado aqui, tem a ver com o Doolittle Raid, o primeiro ataque americano a Tóquio em 1942, durante a Segunda Grande Guerra.

O que atraiu a curiosidade, de fato, foi outro nome, o de batismo da aeronave específica. Este, assim como todos os bombardeiros americanos desde a Segunda Guerra Mundial, tem um nome específico de batismo, que é Cerberus (ou Cérbero no bom português).

Enquanto na grande guerra os nomes eram de mulheres bonitas e famosas, os nomes dados aos “irmãos mais velhos” do B-21, como o modelo B-2 Spirit, são estados americanos, enquanto do outro companheiro, o B-1 Lancer, tem nomes da cultura americana como “O Justiceiro” e “Predador”.

Mas o B-21 começou com uma linha diferente, já que Cerberus é, na mitologia grega, o cão de três cabeças e feroz que guarda entrada do submundo (ou inferno em algumas leituras). Como cão de guarda ele protege o local de invasores e não deixa ninguém sair. Para muitos, o Cerberus é quem “separa os vivos dos mortos” e isto seria uma das analogias levadas para o bombardeiro, que de cima define alvos e quem será morto.

Por outro lado, o principal motivo seria a tríade nuclear: os EUA contam com três “veículos” nucleares, onde cada um seria um “tom” para formar a tríade. O primeiro são os mísseis balísticos nucleares lançados a partir de silos na terra, o segundo são os submarinos nucleares com também mísseis nucleares e, por último, mas não menos importante, são os bombardeiros de longo alcance com armas nucleares.

O conceito de Tríade Nuclear surgiu nos EUA, mas foi adaptado também pela Rússia, China e Índia. A ideia por trás é manter o poder nuclear ativo, já que se a nação tiver apenas mísseis em terra ou aviões, eles podem ser facilmente destruídos por serem grandes alvos, assim como um submarino pode ser caçado no mar.

Com três “ferramentas” diferentes, a chance do inimigo neutralizar a ameaça nuclear é praticamente zero. Além destes países, existe a suspeita de que Israel tenha no seu arsenal equipamentos para a Tríade e também que a França possa voltar a ter mísseis balísticos, trazendo ela de novo para esse grupo.

E, por esse motivo da Tríade, também o Cerberus foi escolhido, já que é uma analogia direta das três pontas de arma nuclares às três cabeças do cachorro. Porém, por ser uma figura mitológica “do mal”, o nome recebeu algumas críticas, indicando um culto “à morte”. Não está claro se a USAF manterá o padrão de nome de figuras mitológicas nos próximos B-21.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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