Pai e filho mecânicos de avião: mais uma bonita história de família na aviação é contata por empresa aérea

Imagens de fundo e destaque: Finnair / Edição: AEROIN

Jouni Pääkkö tinha 15 anos quando algo caiu como um raio em sua mente ao abrir um livro.

Junto a seu professor da nona série, Jouni se viu diante de uma das maiores questões da vida: “O que eu quero fazer da vida?”. Ele caminhou até uma estante cheia de livros e brochuras sobre diferentes profissões e puxou uma delas. “Parecia que um raio estava me dizendo: ‘É isso’”, diz Jouni.

Quando criança, em Haapavesi, na Finlândia, uma pequena cidade a cerca de 500 quilômetros a noroeste da capital Helsinque, Jouni adorava construir e pilotar aeromodelos. “Todo o teto do meu quarto estava coberto com eles”, diz ele.

Então, quando ele tirou aquele livro da estante na nona série e leu as palavras “programa de mecânica de aeronaves”, ele disse ao professor que era isso que ele queria fazer. Mas o professor olhou para Jouni e disse: “Bem, essa é uma profissão extremamente exigente e acho que você não está afim”.

Algumas semanas depois, o mesmo professor perguntou se Jouni havia pensado nisso e tinha mudado de ideia. Ele não tinha. Então, o professor pegou um pequeno pedaço de papel e anotou todos os cursos de treinamento necessários para se tornar mecânico e engenheiro de aeronaves.

Jouni levou aquele papel para casa e o grampeou na estante sob todos aqueles modelos de aviões. “E então concluí todos os cursos da lista”, diz Jouni.

“Nossa, ele sabe consertar aviões!”  

Nos 36 anos desde que se tornou engenheiro aeronáutico licenciado, Jouni atendeu a tudo, desde caças da Força Aérea até a frota da companhia aérea Finnair e voos de outras transportadoras durante suas estadas em Helsinque.

Hoje, ele é gerente operacional da Finnair Technical Services, divisão de manutenção, reparação e revisão geral de aeronaves, motores e componentes, cargo que ocupa na companhia finlandesa desde 2012.

Mas, no final da década de 1990, Jouni fez muitos trabalhos substituindo mecânicos locais em outros aeroportos da Finlândia. E foi naquela época que também caiu um raio para seu filho, Jesse Pääkkö.

Jesse e seu irmão mais velho, Samu-Petteri, costumavam acompanhar o pai para o trabalho, observando com os olhos arregalados enquanto ele lavava e consertava os aviões.

“Lembro-me de pensar como os aviões pareciam grandes e como era legal entrar na cabine com meu pai”, diz Jesse. “E eu me lembro de olhar para o meu pai e pensar ‘Uau, ele sabe consertar aviões, ele deve saber tudo!’”.

Foi nesses momentos que Jesse percebeu tudo que seu pai tinha vivido tantos anos antes, e decidiu que ele ia ser um engenheiro aeronáutico, assim como seu pai.

Jouni disse a seu filho a mesma coisa que seu antigo professor havia dito a ele. Se ele quisesse fazer isso, não seria fácil. E não foi.

Na primeira vez que Jesse se inscreveu para estudar manutenção de aeronaves, ele não foi aceito. Na próxima vez que ele tentou, foi aceito. Enquanto completava seus estudos, ele estagiava fazendo manutenção de aeronaves na Finnair Technical Services.

O mundo dos aviões em família

Imagem: Finnair

Hoje, Jesse trabalha ao lado de seu pai Jouni no hangar 7, o maior do aeroporto de Helsinque. Foi lá também que Jesse conheceu outra pessoa importante em sua vida, a esposa Kiira Pääkkö.

Kiira, que é uma engenheira mecânica e aeronáutica que trabalha no departamento de catering da Finnair, não muito longe do hangar 7.

Jesse e Kiira ainda não têm filhos, mas se e quando tiverem, uma coisa é certa. “Tenho certeza de que construiremos muitos modelos de aviões”, diz Jesse. Assim como os que Jouni construiu em Haapavesi. E como os que Jesse e seu irmão construíram crescendo em Porvoo.

“Um daqueles pequenos aviões de madeira ainda está pendurado na minha garagem”, finaliza Jouni com um sorriso.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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