Passageiro acusa comissário da Gol de racismo, após encontrar carrapatos a bordo

Um passageiro que viajava em um voo da Gol Linhas Aéreas, denunciou um comissário de bordo, após alegar que ele teria feito comentários racistas após encontrar alguns carrapatos a bordo. O caso foi reportado por um biólogo que viajava em um voo entre Marabá e Brasília, em junho deste ano.

Segundo relata em suas redes sociais, o biólogo Bruno Gomes estava sentado em seu assento quando um carrapato caiu na tela de seu celular, neste momento, ele chamou o comissário para informar sobre o incômodo, o que fez o tripulante não acreditar no fato.

Conforme relata o portal G1, Gomes disse que a passageira que estava ao seu lado também viu o carrapato e achou o fato estranho. Minutos após, um segundo carrapato caiu sobre a passageira ao lado, e novamente foi solicitada a presença do comissário de bordo.

Neste momento, segundo relata o biólogo, o comissário de bordo acabou dizendo que o animal poderia ter vindo de alguma bagagem de mão ou do cabelo dele.

“No momento eu fiquei perplexo com a situação de cair o carrapato sobre o meu telefone. No momento não caiu a ficha da situação que eu estava sofrendo. Após entender, me senti um lixo, uma pessoa porca, sem higiene“, disse Gomes à reportagem.

Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Brasília, ele resolveu procurar um local para denunciar o fato de ter encontrado carrapatos a bordo. O melhor lugar para fazer isso, segundo ele, foi o Portal do Consumidor, canal pelo qual ele foi prontamente atendido.

“Eles leram e entraram em contato, oferecendo R$ 500 para que eu tivesse uma nova experiência com a Gol. Disse que não era esse o foco, mas sim que a equipe seja instruída melhor. Ao conversar com uma advogada da sua família, ela disse que foi sim um constrangimento e racismo, me orientando a buscar meus direitos”, disse o jovem.

Em nota, a Gol confirmou o caso e disse:

“A GOL recebeu relatos de carrapatos durante o voo G3-1884, no dia 7 de junho na rota Marabá-Brasília, e acredita que os insetos possam ter sido levados por acidente em alguma mala de mão. Todas as aeronaves da Companhia passam por procedimentos diários e rigorosos de sanitização, e a dedetização das aeronaves é realizada periodicamente, em curtos intervalos de tempo, como parte da rotina mandatória de manutenção.

Como forma de compensação ao Cliente e para que ele tenha uma nova oportunidade e experiência em voar com a GOL, foi lhe oferecido crédito disponível para uso até 31/07/2022, conforme também consta no site Consumidor.gov.

A GOL também reitera que não compactua com quaisquer atitudes discriminatórias, preza pelo respeito e pela valorização das pessoas, e vai apurar o ocorrido”.

Repercussão

Após a repercussão do caso, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pediu para que a Polícia Federal do Distrito Federal, investigue o caso de racismo. Conforme relata O Globo, o deputado distrital e presidente da Comissão de Direitos Humanos da CLDF, Fábio Felix, disse que pediu à Secretaria de Segurança Pública que acione a delegacia especializada para investigar a prática de racismo. Ele ainda comenta que foi um absurdo a postura da empresa aérea, que ofereceu R$ 500 em bônus, seguido de uma série de tentativas de desmotivação do registro da denúncia.

“Racismo é crime e precisa ser tratado como tal. Não existe acordo para práticas racistas e acompanharemos muito de perto a atuação da Secretaria de Segurança do DF neste caso“, disse Félix.

O caso deverá ser enviado à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), a pedido do secretário Julio.

Procurada, a Gol disse que ainda não foi notificada sobre o inquérito de racismo, mas disse que está a disposição para as contribuições necessárias.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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