Potencial da aviação latino-americana é destacado no evento da CAPA, mas vários desafios também são lembrados

Imagem: CAPA

Nos últimos dois dias, 31 de agosto e 1º de setembro, importantes players da indústria de aviação latino-americana se reuniram no evento CAPA Latin America Aviation & LCCs Summit para discutir questões urgentes e tendências do setor, organizado na cidade de Querétaro, México, pela CAPA – Centre for Aviation.

E nos discursos de diversos CEOs e representantes de empresas aéreas, administradoras aeroportuários e fabricantes aeronáuticas, tanto o potencial quanto os muitos desafios da aviação no continente foram destacados.

Conforme reproduzido pela CAPA, o diretor de aeroportos internacionais da empresa aérea norte-americana Spirit Airlines, Camilo Martelo, afirmou que a companhia aérea atualmente implanta 20% de sua capacidade para a região da América Latina e do Caribe (LAC), em comparação com 3% em 2007.

“Vemos um futuro tremendo na região. A classe média está crescendo e procurando opções de viagem acessíveis. Atendemos principalmente os mercados de lazer e destinos de praia, há uma demanda muito forte da América do Norte para esse mercado”, disse Martelo.

O diretor de marketing estratégico da fabricante brasileira Embraer, Daniel Galhardo Gomes, também destacou o potencial do setor na região: “Na América Latina temos muitas oportunidades para alcançar cada vez mais destinos e oferecer mais serviços aéreos para nossa comunidade. A América Latina é a segunda pior região em termos de conectividade, atrás da África. Uma das razões é que temos uma frota de aeronaves de fuselagem estreita muito concentrada, o que limita a possibilidade de chegar a mais cidades”.

Adrian Troija, COO da empresa aérea mexicana Viva Aerobus, alertou para o problema da limitação de infraestrutura. Ele afirmou que as companhias aéreas da América Latina estão “crescendo mais rápido do que a estrutura geral circundante”, e que os aeroportos, os controladores de tráfego aéreo e os reguladores da região não têm capacidade para apoiar o crescimento das transportadoras.

Segundo o diretor geral do Conselho Internacional de Aeroportos (ACI) para América Latina e Caribe (LAC), Rafael Echevarne, a região precisará de US$ 94 bilhões em investimentos em infraestrutura aeroportuária até 2040 para atender à crescente demanda. Echevarne acrescentou que serão necessários 41 bilhões de dólares para projetos de infraestruturas sustentáveis.

O vice-presidente sênior de experiência do cliente da empresa aérea dominicana Arajet, Carlos Mesa, afirmou que o desafio da transportadora para o futuro é ganhar mais slots em aeroportos congestionados, como o Aeroporto Internacional El Dorado, de Bogotá, o Aeroporto Internacional Jorge Chávez, de Lima, e o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Outro executivo da mexicana Viva, Javier Suarez Casado, diretor de rede e alianças, aproveitou para fazer uma crítica à dificuldade do México em retornar à mais alta categoria de aprovação da aviação dos Estados Unidos. Ele disse que o foco da companhia aérea é “América do Norte e não América do Sul”, mas que “há um crescimento muito limitado quem podemos fazer aos EUA devido à classificação de segurança de Categoria 2”, portanto, dando a atenção adequada ao que é necessário, “ainda há oportunidades e crescimento no México”.

O CEO da empresa aérea panamenha Copa Airlines, Pedro Heilbron, alertou para o desafio da sustentabilidade na região em relação a outras partes mais desenvolvidas do mundo: “Tentamos ser o mais ambientalmente responsáveis possível, mas não devemos estar no mesmo barco que os países mais desenvolvidos e economias. A América Latina é uma parte subdesenvolvida do mundo, e a aviação também é subdesenvolvida na América Latina. Dependemos da aviação para o crescimento econômico e a prosperidade”.

Ele acrescentou que “seria muito injusto restringir o crescimento da aviação na América Latina” por meio das limitações relacionadas aos requisitos de sustentabilidade.

O CEO e presidente da empresa aérea mexicana Volaris, Enrique Beltranena, também abordou o aspecto de uma abordagem de sustentabilidade diferente para a região: “Precisamos entender que a contaminação ambiental pelas companhias aéreas em todo o mundo é feita principalmente por transportadoras europeias e norte-americanas. A América Latina não pode ser alvo de cotas semelhantes para redução de emissões e uso sustentável de combustível de aviação como na Europa ou nos EUA”.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

Veja outras histórias