Realizado o 1º voo 100% movido a hidrogênio da história da Airbus, pela aeronave modificada Blue Condor

Imagem: Airbus

A Airbus informou na última quinta-feira, 16 de novembro, que o planador modificado no centro do experimento Airbus UpNext para estudo de rastros de hidrogênio, o Blue Condor, fez seu primeiro voo movido a hidrogênio sobre Nevada, nos Estados Unidos, em 8 de novembro.

O voo foi também o primeiro da fabricante europeia a usar hidrogênio como única fonte de combustível e deu início a uma campanha de testes que terminará numa missão de medição de rastos no início de 2024. Os rastros deixados pelos motores das aeronaves são conhecidos como “condensation trails” (rastros de condensação), ou, de forma abreviada, “contrail”.

O hidrogênio oferece à aviação um caminho para operações de baixo carbono, mas a sua combustão produz rastos tal como o combustível de aviação convencional. Os rastos de hidrogênio, no entanto, diferem significativamente, pois, por um lado, eles não contêm fuligem ou óxidos de enxofre, mas, por outro, retêm óxidos nitrosos e muito vapor de água: até 2,5 vezes mais que os rastros de querosene.

Ambas são consideradas emissões com impacto climático e, como tal, a indústria da aviação tem o dever de lidar com elas, afirma a Airbus.

Portanto, como parte do projeto ZEROe, a Airbus está empenhada em estudar a composição destes rastos de hidrogênio pouco compreendidos. Usando um planador Arcus-J modificado, o projeto Blue Condor da Airbus UpNext utilizará um pequeno motor de combustão de hidrogênio a uma altura de até 30.000 pés e comparará suas emissões com um motor a querosene de tamanho semelhante, que está voando ao lado em uma segunda aeronave.

Ambos os planadores são operados pelo Projeto Perlan e o motor a hidrogênio foi montado pela empresa alemã Aero Design Works.

Imagem: Airbus
Imagem: Airbus

A Blue Condor entrou agora em fase de testes de voo. O voo de 8 de novembro durou cerca de 30 minutos e teve como objetivo aumentar o empuxo do motor a hidrogênio na altitude de 7.000 pés, ao mesmo tempo que estabilizava a aeronave em diferentes velocidades. Desde então, foram realizados mais dois voos, realizando testes que incluíram a partida do motor a 10.000 pés.

A equipe da Blue Condor planeja realizar uma primeira operação de estudo de rastros durante a janela de clima frio de Nevada, no início do próximo ano. Em seguida, o Arcus-J será rebocado para teste de altitude por uma aeronave Grob Egrett instrumentada pelo laboratório aeroespacial alemão DLR. Esta aeronave de ‘perseguição’ seguirá atrás, usando sensores para coletar e analisar rastros e dados atmosféricos.

O voo promete ser um grande passo para aprofundar a compreensão do impacto climático do hidrogênio e, em última análise, para atingir a meta ZEROe de entrada em serviço da Airbus em 2035.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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