Reino Unido revela em que estágio está o projeto da nova aeronave de combate furtiva supersônica Tempest

Imagem: RAF

A Força Aérea Real (RAF – Royal Air Force) informou nesta semana que engenheiros dos principais parceiros da indústria aérea de combate do Reino Unido “levantaram as cortinas” do trabalho que está sendo realizado para entregar o primeiro demonstrador aéreo de combate britânico em uma geração.

Especialistas da BAE Systems, Rolls-Royce, Leonardo UK, MBDA, Ministério da Defesa (MOD) do Reino Unido e Escritório de Capacidades Rápidas da RAF estão colaborando para desenvolver as tecnologias necessárias para entregar a próxima geração de aeronaves de combate supersônicas furtivas (stealth, também chamadas “invisíveis aos radares”) do Reino Unido, denominada Tempest, em parceria com Itália e Japão.

O Demonstrador de Tecnologia de Voo (Flying Technology Demonstrator), anunciado pela primeira vez pelo governo do Reino Unido em julho de 2022, deve voar nos próximos quatro anos e está sendo projetado usando uma variedade de técnicas digitais inovadoras e processos transformadores.

Em uma nova instalação da BAE Systems em Warton, em um simulador virtual personalizado, os pilotos de teste já realizaram mais de 100 voos do Flying Technology Demonstrator.

Os engenheiros também testaram e comprovaram as tecnologias de integração que sustentam a instalação de um motor furtivo para um futuro jato, juntamente com um sistema de ejeção da tripulação para manter os pilotos seguros.

O conjunto de novas tecnologias que está sendo desenvolvido demonstrará e testará os principais elementos do design, habilidades, ferramentas, processos e técnicas aéreas de combate da próxima geração necessários para desenvolver o Tempest, que será entregue por meio do Global Combat Air Programme, com Reino Unido, Itália e Japão.

As empresas envolvidas revelaram três áreas deste programa demonstrador pioneiro que apoiará o design e desenvolvimento do Tempest:

Ensaios de voo em simulador

Imagem: RAF

O teste da aeronave em simulador está sendo conduzido pela BAE Systems com o apoio do Escritório de Capacidades Rápidas (RCO) da Força Aérea Real e do Esquadrão t41 de Teste e Avaliação. Os pilotos já voaram virtualmente mais de cem voos da aeronave de demonstração em um novo simulador, fornecendo evidências cruciais para apoiar os testes de voo.

Pela primeira vez no projeto de aeronaves militares, os engenheiros da BAE Systems usaram codificação automática para compilar software de sistemas críticos de segurança em questão de dias, em vez de semanas. Essas técnicas permitem a avaliação rápida dos sistemas de controle de voo durante manobras de voo mais complexas, com o simulador capturando dados cruciais sobre como o jato se comportará anos antes de seu primeiro voo.

Teste de motor aerodinâmico

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Aproveitando novos processos de fabricação avançados, a BAE Systems produziu um duto de motor com formato exclusivo para reduzir a velocidade do ar, de regime supersônico para subsônico, na região frontal do motor. A admissão tem menos partes móveis do que um projeto tradicional de caça a jato, aprimorando o design furtivo da aeronave.

O teste foi instrumentado e testado pela Rolls-Royce em suas instalações de Filton, Bristol, mesmo local onde o motor Olympus do Concorde foi testado na década de 1960.

Ejeção rápida da tripulação

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Um trenó contendo o assento ejetável que irá para a aeronave de demonstração foi testado nas instalações de teste especializadas da Martin Baker a velocidades de mais de 500 mph (450 nós, 833 km/h).

Juntamente com Martin Baker e BAE Systems, a equipe por trás do sistema de escape da tripulação inclui especialistas da GKN (design do canopy), da Hamble Aerospace (cabos de detonadores) e da fabricante de equipamentos de cockpit EDM Ltd, bem como especialistas do Escritório de Capacidades Rápidas da Royal Air Force e cientistas do Ministério da Defesa.

Richard Berthon, Diretor de Combate Aéreo Futuro do MOD, comentou que o programa Flying Demonstrator é um esforço notável para projetar e construir um jato furtivo supersônico que provará a integração e desenvolverá as habilidades nacionais, ao mesmo tempo em que fornecerá dados e aprendizado para apoiar a entrada em serviço do Tempest em 2035.

“O Tempest não é mais apenas uma ideia ou conceito em um computador; nossos parceiros da indústria fizeram progressos reais e tangíveis e estão dando vida ao programa por meio de projetos inovadores, como o demonstrador voador”, completou Berthon.

Neil Strang, Diretor do Programa Tempest na BAE Systems, lembrou que já se passaram 40 anos desde que o pessoal da empresa liderou o programa de aeronaves de demonstração que deu origem ao caça Typhoon.

“O trabalho que estamos fazendo hoje é uma oportunidade única em uma geração para escrever o próximo capítulo na história da aviação. Em todo o programa Tempest, estamos usando técnicas digitais e métodos inovadores de design e engenharia para garantir que possamos entregar o Tempest em serviço até 2035”, finalizou o Diretor.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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