É certo que são muitas as variáveis envolvidas nessa história, mas agora que a Embraer anunciou que vai retornar ao mercado de turboélices regionais num futuro próximo, não é uma heresia olhar para o IL-114-300 como um potencial concorrente, assim como para o ATR-72. Muitas águas vão rolar até lá e é certo que a fabricante brasileira está de olho nesses potenciais concorrentes.
O russo
O IL-114-300 não é uma ideia nova. Ele é parte de um projeto de modernização do Ilyushin IL-114 original que, na era da União Soviética, foi produzido em uma fábrica de aeronaves em Tashkent, na agora independente República do Uzbequistão.
A versão atualizada, que será produzida na Rússia, tem várias mudanças desde o projeto soviético, incorporando tecnologias mais recentes, como os modernos motores TV7-117ST-01 e novos componentes na fuselagem.
Ele já vem sendo desenvolvido há algum tempo, mas a novidade é que seu primeiro voo deverá ocorrer nos próximos dias, reporta a agência russa de notícias TASS. O voo inaugural está atrasado, já que a previsão inicial era para setembro, mas a pandemia prejudicou um pouco os planos.
Enquanto isso, as primeiras entregas aos clientes estão programadas para 2023, conforme anunciado anteriormente pelo Ministro da Indústria e Comércio, Denis Manturov.
“A primeira aeronave está no campo de aviação se preparando para o voo inaugural. Isso acontecerá realmente nos próximos dias. A segunda aeronave está quase concluída. Esperamos ter os primeiros suprimentos para companhias aéreas russas a partir de 2023”, disse o ministro.
Potencial de mercado
A Corporação Estatal de Leasing de Transportes (GTLK), uma das principais ferramentas do governo para o financiamento de aeronaves construídas internamente, manifestou interesse em 50 Ilyushin IL-114-300, dizendo que está “pronta para alugar essas aeronaves para companhias aéreas a partir de 2025”. Ela avalia que a demanda imediata do mercado para algo em torno de 60 aeronaves.
O Il-114-300 é um avião destinado a rotas aéreas locais. A certificação da aeronave está prevista para 2022 e sua produção será de até 12 aeronaves por ano. A aeronave tem capacidade para 70 passageiros e outras três opções menores, com capacidade para 64, 52 e 50 assentos e um compartimento de bagagem aumentado, estão em desenvolvimento. Esse é exatamente o nicho de mercado do futuro turboélice da Embraer.