Sancionada desde 2020, aérea estatal da Venezuela quer acordo com os EUA para repatriar cidadãos do país

Imagem: José Luis Celada Euba, CC BY-NC-SA 2.0, via Flickr

A companhia aérea estatal da Venezuela, Conviasa, busca acordo com os Estados Unidos para repatriar cidadãos do país. A empresa está sancionada por Washington desde 2020. Segundo o Ministério dos Transportes venezuelano, a intenção é garantir a “repatriação direta” de migrantes que estão nos EUA.

Recentemente, como informa a mídia venezuelana, o governo norte-americano anunciou um acordo com a Venezuela para a retomada das deportações, em meio à pressão sobre o presidente Joe Biden tanto dos republicanos, que o acusam de causar uma crise na fronteira com o México, quanto dos próprios democratas, que administram cidades que receberam grande fluxo de migrantes, como Nova York e Chicago.

De acordo com o ministro dos Transportes da Venezuela, Ramón Velásquez, a Conviasa ainda não está incluída no acordo, mas as negociações estão em andamento e espera-se que a companhia aérea seja incorporada na ponte aérea entre os dois países após esclarecimentos técnicos e acordos entre os governos.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, celebra a iniciativa e a considera como forma de “regularizar a questão da migração” com os EUA. O governo norte-americano não reconhece Maduro como legítimo presidente desde sua reeleição em 2018, tida como fraudulenta, o que a oposição venezuelana também já denunciou.

Os voos de repatriação, se aprovados, serão realizados diretamente por meio do programa “Vuelta a la Patria”, plano do governo chavista para o retorno de cidadãos venezuelanos, que, segundo Maduro, já levou mais de 400.000 pessoas de volta ao país caribenho vindas de outras nações latino-americanas.

A Venezuela vive uma crise política e econômica e, segundo a ONU, mais de 7 milhões de venezuelanos migraram em busca de melhores condições. No entanto, o governo contesta o número e afirma que apenas cerca de dois milhões deixaram o país, culpando as sanções financeiras dos EUA pelo fenômeno que tentam forçar Maduro a deixar o poder.

A patrulha de fronteira dos Estados Unidos registrou mais de 100 mil casos de detenção de imigrantes venezuelanos entre maio e o final de agosto deste ano, em comparação com 43 mil no mesmo período de 2022. Em resposta à situação dos migrantes venezuelanos, Biden ofereceu proteção migratória a 472 mil deles por 18 meses para que pudessem obter autorização de residência e trabalho, mas a medida só é aplicável àqueles que chegaram aos EUA antes de 31 de julho de 2023.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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