Senadora quer saber por que pilotos não sabiam que a porta do cockpit do 737 MAX podia abrir sozinha em voo

Divulgação – Alaska

A senadora norte-americana Tammy Duckworth, que preside o subcomitê do Senado para segurança, operações e inovação na aviação, pediu à Administração Federal de Aviação (FAA) que investigue por que os pilotos da Alaska Airlines não tinham conhecimento de uma funcionalidade crítica na porta do cockpit do Boeing 737 MAX 9, antes do incidente de despressurização do voo 1282 da companhia, no dia 5 de janeiro.

Em uma carta datada de 4 de abril, Duckworth questiona o administrador da FAA, Michael Whitaker, sobre por que os pilotos não sabiam que “a porta do cockpit do 737 Max 9 foi projetada para abrir automaticamente” caso a cabine perdesse pressão.

“Este recurso desconhecido e não divulgado resultou na surpresa da tripulação quando o evento de despressurização rápida fez a porta do cockpit se abrir bruscamente, sugando uma lista de verificação de emergência para fora da cabine e removendo um dos fones de ouvido dos pilotos“, explica a senadora na carta.

Duckworth destacou que a falta de informações para os pilotos sobre as características do MAX se tornou um padrão na Boeing e citou que esta é a terceira vez que a empresa falha em divulgar um recurso da cabine dos pilotos no 737 MAX.

A senadora citou como exemplo o sistema de aumento das características de manobra (MCAS), que foi omitido no manual do MAX 8 e esteve envolvido nas duas quedas do 737 Max que mataram um total de 346 pessoas em 2018 e 2019. Ela também apontou problemas no computador de voo do 737 MAX em resposta a falhas no indicador de ângulo de ataque (AoA).

Duckworth pede que a FAA não veja esta última omissão isoladamente e destaca que, em resposta ao incidente de 5 de janeiro com as portas plugáveis do Boeing, que colocou a fabricante de aviões sob intensa análise, a empresa atualizou o manual de operações do 737 MAX para incluir a funcionalidade da porta do cockpit se abrir para igualar a pressão em caso de uma despressurização rápida da cabine de passageiros.

O pedido de investigação surge em meio ao impacto contínuo do voo 1282, que resultou na saída do CEO David Calhoun e na aposentadoria imediata do chefe da divisão de aeronaves comerciais da Boeing, Stan Deal.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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