Suspensão da rota de Lima a Londres da LATAM pode ter real motivo revelado

A repentina suspensão da mais nova rota da LATAM pode ter seu motivo real revelado, envolvendo uma questão “burocrática”.

Como o AEROIN informou esta semana, a rota da LATAM entre Lima, no Peru, e Londres, na Inglaterra, será suspensa após 2 de fevereiro, com a companhia afirmando que retornará em abril, mas no site não existem voos disponíveis para além de fevereiro, assim como o portal AeroRoutes informa que os sistemas de reserva não mostram mais o voo após a data até o tempo máximo possível de pesquisa.

Em um comunicado ao mercado, a empresa citou razões comerciais para o encerramento da rota, mas acabou mudando para “razões operacionais”.

O AEROIN entrou em contato com a divisão brasileira da companhia que informou que “a autoridade aeronáutica inglesa – posteriormente – aplicou uma restrição operacional, pelo que os voos na referida rota terão de ser suspensos” (veja nota completa mais abaixo).

Durante o restante da semana, conversamos com várias fontes dentro da companhia aérea e também do setor aeronáutico em países que ela tem subsidiárias, e foi possível apontar o real motivo pelo cancelamento.

De maneira resumida, a LATAM não pode fazer os voos de Lima para Londres com aeronaves que não tenham matrícula peruana, que começa com OB-, ao contrário do CC- do Chile e PR-/PT-/PS-, utilizados no Brasil pela companhia.

As informações de bastidores dão conta de que os britânicos deram uma autorização temporária para que a LATAM voasse com aeronaves de suas outras divisões, o chamado intercâmbio de bandeiras, algo que já é feito no Brasil onde tripulações brasileiras fazem por exemplo a rota São Paulo – Madri com um Boeing 787 Dreamliner de prefixo chileno CC-.

Hoje, além de Lima, a LATAM só voa para Londres saindo da capital paulista e sempre com aeronaves de registro brasileiro, no caso todos os seus Boeing 777-300ER que foram herdados da TAM. De restante, todos os aviões para voos de longo curso do grupo LATAM (767 e 787) tem registro chileno, mesmo que voado por tripulações de outros países.

A exceção fica por conta dos 777 e de um 787-9, de matrícula brasileira PS-LAA, que foi necessário para certificação do Dreamliner no Brasil.

Por outro lado, também é apontado que a regra que permitia uso de intercâmbio de aeronaves foi trocada na primeira semana de dezembro, quando os voos começaram de fato, gerando uma discussão administrativa que não foi frutífera para a companhia, levando a LATAM ao cancelamento ou suspensão da rota.

Visando a solução do problema, a LATAM deve até abril transferir ao menos um 787 da divisão chilena para a peruana, registando ele com a matrícula OB-. Esta(s) aeronave(s) deverão ficar fixas na rota para Londres.

Mas existe ainda o temor de que, por mais que suspensão seja temporária, os slots não utilizados em fevereiro e março gerem a punição natural do setor de perda de direitos de voo. Com isso, a empresa não teria como operar voos além de 29 de outubro de 2024, quando começa a nova temporada da IATA.

E por serem slots concedidos sob o programa de incentivo à diversificação e concorrência do Aeroporto Heathrow, as autoridades britânicas não permitem que eles sejam transferidos para outras aéreas, mesmo que sejam do mesmo grupo, e também que sejam utilizados em outras rotas sem ser a concedida inicialmente, impedindo a LATAM de colocar um voo tampão saindo de Bogotá ou Guarulhos, por exemplo.

Caso a LATAM perca estes slots, eles serão redistribuídos no programa futuramente, podendo beneficiar a Azul, que disputou estes horários de voo com a LATAM e acabou perdendo, já que nenhuma empresa opera hoje voos entre o Peru e o Reino Unido, enquanto entre Brasil e Inglaterra já existe a British Airways além da própria LATAM.

Veja abaixo na íntegra nota oficial da LATAM sobre o assunto:

Desde 1º de dezembro de 2023, a LATAM Airlines Peru iniciou a operação direta Lima-Londres. Desde então, com todas as autorizações, a companhia tem feito múltiplos esforços para proporcionar projeção e sustentabilidade ao longo do tempo. 

Ainda assim, a autoridade aeronáutica inglesa – posteriormente – aplicou uma restrição operacional, pelo que os voos na referida rota terão de ser suspensos durante o período de Fevereiro a Março de 2024, tendo de adiar o que já estava previsto em termos de movimentos internos, funções de comando e tripulações de cabine. Essa restrição não é compatível com o dinamismo com que a LATAM Airlines Peru vem promovendo a conectividade na região e desenvolvendo suas operações nos demais países do mundo. 

Justamente por esse grande dinamismo típico do setor, em 2023 a LATAM Airlines Peru conseguiu ativar 7 rotas internacionais e em breve irá compartilhar novas notícias positivas sobre sua operação. 

Vale ressaltar que os passageiros poderão continuar voando diretamente para Londres até 31 de janeiro; e durante os meses de fevereiro e março poderão chegar a esse destino desde Lima via São Paulo ou via Madrid. 

A LATAM Airlines Peru continua comprometida com a conectividade do país e da região.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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