Tripulantes de aéreas russas estão sendo instados a ocultar avarias identificadas em aviões

Foto: TASS

A investigação conduzida pela publicação russa Proek revelou que a companhia aérea de bandeira Aeroflot pediu aos seus funcionários para parar de registar avarias em voos. Os atuais e antigos funcionários da companhia que falaram com o Proek afirmam que o conselho foi dado para evitar a necessidade de ter de colocar o avião no chão, enquanto o problema não fosse corrigido.

O relatório revelou que os chefes de cabine receberam um e-mail em março de 2022 instruindo que os seus comentários nos equipamentos de cabine deveriam ser registados no logbook apenas “em acordo com o comandante de voo”. Segundo o Proek, entre os problemas que deixaram de ser registados, estão os relacionados com os cilindros de oxigênio usados em caso de depressurização ou para tratamento médico de emergência a bordo.

Um chefe de cabine descreveu ao Proek como voou de Moscou para os Emirados Árabes Unidos sem ter um conjunto completo de cilindros a bordo. O funcionário afirmou que o problema não foi registado devido ao comandante achar que não era “apropriado não escrever nada no logbook”.

Um antigo funcionário da companhia afirmou ainda que antes da guerra “esta regra era estritamente observada: escreviam cada pequeno detalhe e corrigiam-no”.

Não é apenas na Aeroflot que este perigoso novo padrão tem sido visto, com outras companhias que também limitam o registo de problemas a bordo para evitar que o avião seja colocado no chão.

Um antigo piloto da companhia russa Nordwind contou ao Proek que em janeiro de 2023, no aeroporto de Kazan, o combustível começou a escorrer debaixo do Boeing 737, com os passageiros a bordo. O piloto contou que os engenheiros descobriram que isto já tinha acontecido várias vezes com este avião, mas que nenhuma entrada tinha sido feita no logbook.

As sanções impostas à Rússia devido à sua invasão da Ucrânia impedem que as companhias aéreas possam prestar serviços ou fornecer peças de reposição para os seus aviões. Recentemente foi noticiado que o Irã, outro país fortemente sancionado pelo Ocidente, está a realizar a manutenção de alguns aviões da Aeroflot.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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