“Quando o aeroporto era do narcotráfico, os EUA nos classificavam como Categoria 1”, diz presidente mexicano

Aeroporto Internacional da Cidade do México – Imagem: DepositPhotos

Em suas habituais coletivas matinais perante a imprensa, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticou duramente o governo dos Estados Unidos por manter seu país na categoria 2 em termos de segurança da aviação, para a qual foi rebaixado em maio de 2021.

Há alguns dias eu estava falando sobre o fato de que nos Estados Unidos eles são muito exigentes, pedindo que o aeroporto funcione muito bem para que eles nos deem a ‘carta de conduta’ que eles concedem, não sei por cujo mandato, se por mandato divino, pelo destino manifesto, não sei, para o aeroporto ter categoria 2”, disse López Obrador.

E foi mais longe, indicando que “na época de Calderón (Felipe Calderón, presidente entre 2006 e 2012) o aeroporto era administrado por narcotraficantes e tinha categoria 1, mas agora que o aeroporto não é gerido por narcotraficantes, e sim pela Marinha, e que se evitem os roubos, o furto de malas, não se permita a introdução de contrabando, armas, drogas, arbitrariamente colocam-nos na categoria 2”, sentenciou.

López Obrador também detalhou como no âmbito do julgamento de Genaro García Luna, ex-Secretário de Segurança Pública do México, surgiu a informação de que havia uma senha que foi usada para o pessoal do Aeroporto Internacional da Cidade do México “fazer vistas grossas” por um certo tempo e aproveitar para carregar e descarregar aviões com drogas.

Não é um mandato divino

O programa “International Aviation Safety Assessment” (IASA) da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) avalia a conformidade com os padrões de segurança da ICAO em outros países, não com os regulamentos do país norte-americano. Também não tem a ver apenas com a segurança dos aeroportos.

Uma classificação IASA Categoria 2 significa que as leis ou regulamentos carecem dos requisitos necessários para supervisionar as companhias aéreas de acordo com os padrões internacionais mínimos, ou que as autoridades da aviação civil são deficientes em uma ou mais áreas, incluindo especialização técnica, pessoal treinado, manutenção de registros, procedimentos de inspeção ou resolução de problemas de segurança”, explicam as FAA.

As companhias aéreas dos países da categoria 2 podem continuar operando nos Estados Unidos – se o fizeram antes do rebaixamento do nível -, mas não podem expandir seus serviços para o país ou firmar acordos de codeshare com empresas norte-americanas. Além disso, podem ser submetidos a controles mais exaustivos na plataforma.

Da mesma forma, os pedidos de novas rotas que as empresas com um certificado de operador mexicano apresentarem ao Departamento de Transporte (DOT) não serão levados em consideração até que a categoria 1 seja recuperada.

Esta não é a primeira vez que a FAA reduziu a classificação de segurança aérea do México: em julho de 2010, a FAA a rebaixou para a Categoria 2 e a restaurou para a Categoria 1 em novembro do mesmo ano. Na ocasião, o governo mexicano informou que a deficiência não estava relacionada à segurança operacional e que se devia principalmente à falta temporária de inspetores de voo.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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