A British Airways se envolveu em uma disputa de antissemitismo depois de retirar uma sitcom judaica de seu sistema de entretenimento a bordo em meio ao conflito entre Israel e Hamas em Gaza, informou o Telegraph.
A companhia aérea tinha programado exibir a série de comédia britânica Hapless, que está atualmente em sua terceira temporada e disponível para streaming na Amazon Prime, mas decidiu adiar a exibição do programa devido ao receio de que os passageiros acreditassem que a empresa estava tomando partido no conflito.
De acordo com o Telegraph, os executivos da companhia aérea haviam assinado um acordo de £ 20.000 para a exibição de Hapless em seu sistema de entretenimento a bordo em agosto, com a intenção de disponibilizá-lo por um período de seis meses a partir de dezembro. No entanto, poucos dias depois do início do ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro, a British Airways decidiu pausar o acordo.
Gary Sinyor, escritor e diretor da série de comédia que retrata um jornalista frustrado em um jornal judaico local em Londres, foi informado da decisão pela Spafax, uma agência de licenciamento internacional que garante os direitos de exibição de filmes e programas de televisão a bordo de aviões.
Sinyor foi informado de que a British Airways pausaria o acordo para a exibição de Hapless, alegando não desejar “tomar partido”. A decisão fazia parte de uma revisão mais ampla do conteúdo relacionado ao conflito entre Israel e Palestina, encomendada pela companhia aérea. “A assessoria de imprensa da British Airways nos pediu para revisar o conteúdo relacionado a Israel/Palestina e ao conflito atual”, afirmou Sinyor em um e-mail enviado pela Spafax.
“A preferência deles é permanecer neutros nessas situações”, continuava o e-mail. “Portanto, fomos solicitados a remover Hapless da programação de dezembro, mas ficaríamos felizes em incluí-lo novamente quando o conflito diminuir.”
Sinyor, que é judeu, ressaltou que a série de comédia não é situada em Israel, sendo a única ligação o fato de haver personagens judeus. Ele afirmou ter tentado convencer a British Airways a reverter a decisão, mas foi informado de que a empresa estava “relutante em retornar à programação normal”.
Após não obter êxito em mostrar Hapless conforme planejado, Sinyor procurou a imprensa. Em seu perfil na plataforma X (antigo Twitter), Sinyor escreveu: “O que é tão frustrante é que eu avisei com antecedência para desfazerem isso. Poderia ter sido um ‘erro de comunicação’ discreto. Mas não houve êxito. Agora parece ser mais pensado – não menos.”
“Eu acredito que a comunidade muçulmana também se sentiria preocupada se descobrisse que piadas ou conteúdos muçulmanos, ou produções de cineastas muçulmanos, estivessem sendo vetados dessa forma, mesmo que temporariamente”, disse Sinyor ao Telegraph.
A British Airways voa para Israel há mais de 90 anos, e o ex-CEO Alex Cruz afirmou que o país é “um dos destinos mais importantes na história da British Airways”. No entanto, devido a preocupações contínuas com a segurança, a companhia aérea suspendeu todos os voos para Tel Aviv e ainda não confirmou quando o serviço será retomado.
