Para fugir das sanções do ocidente, a Rússia aposta em antigos aliados para serem fornecedores do seu avião regional mais moderno, o Sukhoi Superjet 100.
As sanções impostas pelo ocidente após a invasão da Ucrânia têm afetado, e muito, o Sukhoi Superjet 100, ou SSJ100, que é o jato regional russo de maior sucesso fora da esfera de influência da Rússia. O motivo é simples: o seu sucesso está atrelado à quantidade de ocidentalização do modelo, que possui aviônicos da francesa Thales, unidade auxiliar de partida da americana Honeywell e controles de voo da alemã-suíça Liebherr.
Mas o ponto principal são os motores PowerJet SaM146, feitos em conjunto com a francesa Safran. Sem qualquer um destes fornecedores, o avião não decola, e a produção para. A preocupação de paralisação da frota já chegou no governo, que prontamente rebateu os rumores e disse que irá dar conta da substituição.
O Primeiro-Ministro da Indústria da Defesa e Espaço, Yury Borisov, afirmou que a substituição e não dependência de componentes estrangeiros acontecerá, mas não será um processo fácil. Segundo ele disse ao RT, o plano é nacionalizar o SSJ 100 até o final de 2023, e ter uma produção em série de 20 aeronaves por ano até 2024.
“É claro que estamos cientes que não vivemos na Lua e não conseguimos ainda fugir da divisão global de trabalho, e não vamos fazer isso. Por sorte, o mundo não é limitado a América e Europa, que hoje estão impondo sanções contra a Rússia”, afirmou o ministro.
Yury afirma a questão de desenvolvimento de tecnologia e expertise estrangeira, que torna viável vários projetos. “Vários países no mundo não apoiam essas sanções e estão prontos para trabalhar conosco. Entre eles estão os maiores países do BRICS: China, Índia e Brasil, além de países árabes. Nós estamos realmente olhando agora para novos fornecedores de componentes sancionados”, conclui o ministro.
A citação clara do Brasil no Superjet não é atoa: o país é o único dos BRICS que produz aeronaves de alto nível e aceitas em todo o mundo, e faz isso há décadas com a Embraer.
No entanto, a Embraer e outras empresas aeroespaciais brasileiras, assim como a Sukhoi, trabalham com vários parceiros internacionais para a produção de aviões e componentes, e as sanções americanas e europeias devem podem impedir de ajudar a Rússia.
O maior exemplo histórico de um cenário como o atual envolve o Irã, que num breve período de tempo entre o Acordo Nuclear de Obama e a entrada de Donald Trump, negociou aeronaves com a Embraer, Boeing e Airbus. Mas só conseguiu receber algumas unidades da fabricante europeia, antes que Trump derrubasse o acordo e retomasse as sanções, inibindo qualquer negócio das aeroespaciais com o Irã.
Desde então nenhuma das três maiores fabricantes de aviões do mundo negociam com Teerã, justamente por causa das sanções e do risco de não poder fazer negócios com os Estados Unidos.