Comandante de jatinho que saiu da pista não era habilitado e copiloto só voava helicóptero

Um acidente em San Diego revelou uma grave história de pilotos sem habilitação pilotando um caro jatinho executivo, num caso que quase terminou em tragédia.

Divulgação – NTSB

A excursão de pista ocorreu em 2021 no Aeroporto Montgomery-Gibbs, principal aeroporto executivo da cidade de San Diego, na Califórnia. Na ocasião, um Dassault Falcon 900EX não conseguiu decolar e ultrapassou o fim da pista, parando ainda dentro da área do aeroporto.

Uma investigação foi aberta pela NTSB, que constatou que uma das causas do problema foi uma decolagem conduzida com 1,3 toneladas acima do peso máximo de decolagem (MTOW) do modelo, com o centro de gravidade muito próximo do limite frontal, além de uma configuração incorreta dos compensadores.

Foi constatado que os pilotos puxaram o avião para ele sair do chão 23 nós (42km/h) abaixo da velocidade calculada, e que, mesmo que tivessem feito na velocidade correta, já teriam saído da pista já que para aquele peso o jato precisaria de mais 175 metros de comprimento de pista, que tinha 1.401m.

Após a coleta destes dados, a NTSB se concentrou nos fatores que levaram os aviadores a cometer tamanha imprudência e o resultado foi algo assustador.

O comandante não tinha habilitação válida, já que em 2019 teve suas licenças revogadas pela FAA (Autoridade de Aviação Civil dos EUA), por falsificar experiência e inserir dados falsos de cheques de voo por ao menos 15 vezes enquanto era piloto de táxi áereo. Além disso, ele nunca chegou a ter habilitações para o Falcon 900, na qual chegou a iniciar um treinamento, mas nunca concluiu.

Por outro lado, o copiloto até tinha experiência no modelo do jato, mas eram apenas 16 horas de voo e não era habilitado para ser comandante, tendo sido habilitado apenas na segunda tentativa de cheque (prova). A maior parte da experiência do copiloto era voando helicópteros.

Ambos eram empregados pelo dono do avião e não estavam fazendo voo de “favor” ou algo similar. O comandante já voava outras aeronaves do mesmo dono e o copiloto, o helicóptero do mesmo proprietário. O copiloto se candidatou de maneira espontânea para voar o Falcon, tendo iniciado então o curso para ser habilitado.

Com as investigações terminadas, foi concluído que o principal fator que levou ao acidente foi uma tripulação mal preparada e sem conhecimento devido da aeronave, que ocasionou uma decolagem totalmente fora dos padrões definidos pela fabricante. É possível conferir o relatório completo, em inglês, clicando aqui.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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