Companhia aérea nega que seus voos causaram câncer em comissário que morreu

Foto – DepositPhotos

Um processo movido pela família de um falecido comissário coreano levou ao debate sobre o câncer e o trabalho nos céus. O profissional, de sobrenome Song (que não teve o primeiro nome revelado), trabalhava para a Korean Air até maio de 2021. Ele voava principalmente em rotas internacionais para a América do Norte e Europa, que em sua maioria passam próximo do Polo Norte, onde a radiação é mais alta.

Dados da agência CNA de Cingapura dão conta de que ele tinha 1.022 horas de voo por ano em média, sendo ao menos metade destas foram em voos intercontinentais. Em abril de 2021 ele foi diagnosticado com câncer no estômago em nível 4, e dada a gravidade da doença acabou morrendo no mês seguinte.

A exposição de tripulantes à radiação, principalmente pilotos, dado que as maiores janelas ficam na cabine de comando, é algo conhecido na indústria, mas os estudos preliminares apontam que a radiação apesar de alta, não é significativamente danosa. Porém, ao mesmo tempo, muitos estudos apontam que é difícil mensurar o impacto por décadas de voo, sendo necessário a ciência aprofundar mais neste tema.

A Korean Air alega o tripulante foi exposto a menos de 6mSv por ano, equivalente a uma tomografia computadorizada do tórax, e que é bem abaixo do limite já restritivo de 6mSv por ano.

No acidente nuclear de Prypiat, na Ucrânia, na Usina de Chernobyl, os trabalhadores receberam até 6.000mSv de maneira acumulada e morreram de câncer, em sua maioria, poucos meses depois.

No entanto, o tribunal coreano entendeu o contrário e afirmou que a medição da Korean Air é errônea e baixou os números, considerando que o comissário recebeu mais de 100mSv de radiação acumulada ao longo dos anos.

Este número alegado é equivalente ao limite máximo que trabalhadores de usinas nucleares recebem a cada 5 anos de trabalho, e muito abaixo do que os moradores de Prypiat receberam durante o período do acidente. A decisão ainda cabe recurso mas até então é inédita na justiça trabalhista da Coreia do Sul.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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