Constrangida, passageira é obrigada a retirar prótese de perna e bacia no embarque em Campina Grande

Imagem: Governo da Paraíba

Uma passageira que estava prestes a embarcar no Aeroporto Presidente João Suassuna, em Campina Grande (PB), passou por momentos de constrangimento devido às suas condições físicas e à necessidade de utilizar uma prótese de perna e bacia.

A executiva Gabriela Torquato Fernandez utilizou suas redes sociais para denunciar o episódio constrangedor que vivenciou no terminal paraibano no último domingo (3). O aeroporto é gerido pela empresa Aena Brasil.

Segundo relato de Gabriela em suas redes sociais, ela disse que passava por uma inspeção de segurança padrão quando os funcionários do aeroporto solicitaram que ela retirasse sua prótese de perna e bacia durante o procedimento. A executiva, que possui uma condição chamada hemipelvectomia, explicou que sua prótese é fixada ao seio e amarrada em todo o tronco, devido à ausência dos ossos do lado esquerdo da bacia.

A inspeção, que geralmente inclui a avaliação de metal no corpo e verificação de toque por um profissional, tomou um rumo inesperado quando a funcionária encarregada da vistoria estranhou a prótese de Gabriela por sua peculiaridade.

Diante da recusa da colaboradora em examinar a prótese sem que fosse retirada, Gabriela sugeriu levantar a blusa para facilitar a verificação. Contudo, a funcionária insistiu que a executiva deveria ir para uma sala reservada e passar a prótese pelo raio-x.

O episódio gerou uma intensa discussão, envolvendo até mesmo a supervisora do aeroporto, antes que Gabriela fosse finalmente encaminhada para a sala reservada. A executiva ressaltou que as profissionais pareciam inseguras e despreparadas para lidar com a situação.

Identifiquei que isso não é padrão. Isso nunca tinha acontecido. Ela podia olhar e tocar como quisesse, mas eu nunca tinha tido que tirar a prótese para passar no raio-x. Isso não era padrão, e eu viajo muito tanto no Brasil quanto fora do Brasil“, declarou Gabriela em entrevista à Rádio CBN João Pessoa.

Esta foi a primeira vez que a executiva enfrentou tal solicitação no Brasil, embora tenha passado por um procedimento semelhante na Etiópia, onde a barreira linguística complicou a comunicação com os funcionários.

Diante da pressão e do receio de perder o voo, Gabriela cedeu e permitiu que a inspeção fosse conduzida pelo raio-x. Ela pediu, no entanto, que as funcionárias tivessem cuidado ao manusear a prótese para evitar danos e solicitou que o procedimento fosse realizado de maneira a prevenir contaminações, considerando o contato íntimo da prótese com partes específicas do seu corpo, como virilha e vagina.

O relato de Gabriela nas redes sociais descreve o momento em que, isolada em uma sala sem seus pertences, precisou remover a prótese. A cena, segundo ela, foi surreal, com uma das funcionárias manuseando a prótese de maneira desajeitada.

A executiva ainda compartilhou que ouviu um comentário por parte das funcionárias, que reconheceram o constrangimento, mas justificaram a necessidade do procedimento.

Em nota, a Aena afirmou em nota que lamenta o atendimento realizado no Aeroporto de Campina Grande e pediu desculpas a Gabriela Torquato. Segundo a empresa, embora a inspeção tenha acusado a presença de metal no corpo da passageira, a profissional presente no momento poderia ter solicitado a liberação do embarque à Polícia Federal.

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Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

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