Em CPI, agência de publicidade que atendia a 123 Milhas diz não saber quanto a empresa gastou

Imagem: Alisonnunes via Depositphotos (sob licença)

Na última quinta-feira (5), a CPI das Pirâmides Financeiras conduziu sua derradeira sessão de depoimentos, na qual ouviu três testemunhas vinculadas à empresa 123 Milhas. A empresa encontra-se em fase de recuperação judicial e não honrou suas obrigações quanto à venda de passagens aéreas.

Um dos depoentes foi o pai dos proprietários da empresa, José Augusto Madureira, listado como sócio da agência de publicidade Caeli, que presta serviços à 123 Milhas. Ele informou ao presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), que esteve envolvido com a 123 Milhas apenas no início, quando supervisionava a área de recursos humanos, mas não teve um envolvimento direto com a empresa.

Não tínhamos exclusividade, mas fizemos contrato com a 123 Milhas. Eu procurava, dentro das minhas limitações – porque não sou um especialista no assunto -, verificar se estávamos obtendo os melhores preços para a atuação da 123 Milhas junto aos meios de comunicação, especialmente TVs. Isso é natural, porque a 123 Milhas é dos meus filhos”, declarou.

Conforme o depoente, a agência de publicidade Caeli recebia até 20% dos contratos de publicidade da 123 Milhas como comissão.

Entretanto, quando o relator da CPI, deputado Ricardo Silva (PSD-SP), indagou José Augusto Madureira sobre os gastos em publicidade da 123 Milhas, ele não conseguiu fornecer uma resposta e afirmou não se recordar.

José Augusto Madureira também afirmou não saber quanto tem a receber da empresa 123 Milhas e não recorda dos depósitos feitos a outras empresas. Ele assegurou que a Caeli continua ativa no mercado, possuindo outros clientes além da 123 Milhas, mas não conseguiu citar nenhum.

Outras Testemunhas

Antônia Cristina Soares Madureira, esposa de um dos proprietários da 123 Milhas, Augusto Madureira, também foi convidada a depor, porém, ela afirmou não estar ciente do motivo da crise na empresa. Ela asseverou nunca ter recebido recursos da 123 Milhas, mas já concedeu empréstimos aos filhos, todos devidamente registrados; e também relatou nunca ter participado da agência de publicidade de seu marido.

Larissa Rodrigues Garcia, que também prestou depoimento na mesma reunião, afirmou nunca ter recebido recursos da 123 Milhas, mas concedeu um empréstimo no início de 2021 aos sócios da empresa, Cristiane Soares Madureira e Ramiro Soares.

Ela optou por não divulgar o valor, mas os empréstimos possuem contrato formalizado e foram declarados no Imposto de Renda. Para discutir esses detalhes, o depoimento de Larissa Rodrigues Garcia foi convertido em reunião secreta.

O esposo de Larissa Rodrigues é primo dos donos da 123 Milhas. Além disso, ela vendeu uma fazenda de 185 hectares a José Augusto Madureira há menos de dois anos, paga em três parcelas.

Relatório

O presidente da comissão, deputado Aureo Ribeiro, anunciou que o relatório final da CPI será apresentado na próxima semana. “Vamos apresentar o relatório na próxima segunda-feira para ser votado, finalizando um trabalho de uma comissão parlamentar de inquérito da Câmara dos Deputados. Essa é a última oitiva nossa aqui no plenário, não temos mais tempo hábil de ter outras”, explicou.

Na última semana de setembro, o relator da CPI, deputado Ricardo Silva, adiantou o conteúdo do relatório final. Ele mencionou progressos na investigação das fraudes envolvendo a agência de viagens 123 Milhas. Segundo ele, as quebras de sigilo demonstraram que a empresa atua de maneira fraudulenta desde o início de suas operações, em 2019.

O deputado também anunciou que será apresentado um projeto de lei para regulamentar os programas de fidelidade das companhias aéreas, conhecidos como programas de milhas.

Informações da Agência Câmara de Notícias

Leia mais:

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

Veja outras histórias