Embraer busca voltar a entregar 90 aviões comerciais por ano; veja as perspectivas da empresa para 2024

Imagem: Embraer

A Embraer anunciou recentemente que realizou 64 entregas de aeronaves comerciais durante o ano de 2023. O valor representa uma unidade a menos da meta planejada de 65 a 70, mas ainda é 12% a mais do que 2022.

Segundo a fabricante, embora esteja satisfeita com a tendência de aumento, a meta é retornar a cerca de 90 entregas anuais, como alcançado em 2018 e 2019. Ela destaca, porém, que embora a produção ainda esteja apenas a 70% do que era no período pré-pandemia, a receita de 2023 já foi quase a mesma de 2019.

Cadeia de suprimentos

O problema de atraso de entrega de motores está sendo resolvido. A Embraer afirma que está trabalhando com seus fornecedores para garantir que eles cumpram com o que a fabricante se comprometeu com o mercado.

“Poderíamos ter entregue mais aeronaves, mas temos que trabalhar dentro dos limites do nosso ciclo de planejamento. Ainda há espaço para melhorias, especialmente com o envio mais rápido de suprimentos para a linha de produção”, descreve a companhia brasileira.

Ela está confiante na qualidade dos motores Pratt & Whitney GTF para os E-Jets E2 que agora saem da fábrica, pois os propulsores agora estão prontos para uso, com vida útil completa e sem necessidade adicional de inspeções de certas peças.

Ainda há um grupo de aeronaves mais antigas na frota mundial que necessitarão de visitas à oficina, mas, no geral, a Embraer afirma que será menos impactada do que outras plataformas porque o E2 teve mais melhorias integradas e também porque são mais leves, gerando menos desgaste nos motores.

Previsão para 2024

A Embraer explica que para 2024 os seus números de entrega serão baseados no que os fornecedores puderem fornecer de forma realista. Os processos de produção estão intimamente alinhados e a fabricante está trabalhando com eles para aumentar a meta de produção deste ano em dois dígitos. A perspectiva é de anunciar a meta prevista de entregas de 2024 nas próximas semanas.

Novas oportunidades para os E-Jets E2

O E195-E2 tem apresentado um tremendo desempenho com a canadense Porter Airlines, que planeja ter uma frota de 75 unidades. A empresa se expandiu para os EUA com voos para destinos na Califórnia e na Flórida e começará a voar para Las Vegas no próximo mês, além de estar de olho em novos serviços para cidades de mais 8 estados.

Com isso, a Porter dá enorme visibilidade ao E2 no enorme mercado dos EUA. As companhias aéreas estão começando a apreciar a capacidade de alcance da família de aviões, especialmente o maior modelo, o E195-E2.

“O E2 já está gerando mais conversas com nossos clientes norte-americanos, mas levará algum tempo para gerar maior conscientização”, descreve a Embraer.

A empresa ressalta que um ponto crítico é a escassez de pilotos. Menos pilotos disponíveis favorecem o interesse em aeronaves de fuselagem estreita maiores, e isso cria uma lacuna entre essas aeronaves e a frota regional.

Houve alguns anos fracos na disponibilidade desses profissionais, mas a escassez parece estar se resolvendo. Isso implica que haverá mais procura por aeronaves de fuselagem estreita menores, que deverão preencher essa lacuna.

Enquanto isso, os pedidos do E175 nos EUA continuam fortes, uma vez que não há movimentação nas cláusulas de escopo de pilotos.

Existem também novas oportunidades na Ásia, agora que o E190-E2 e o E195-E2 são certificados na China. A Embraer afirma que a capacidade do E190-E2 se encaixa perfeitamente no meio da linha de produtos chineses – o ARJ21 na extremidade inferior e o C919 na extremidade superior.

Além disso, possui excelente desempenho em aeroportos de clima quente e de altitude, e a China possui muitos aeródromos de alta altitude.

A Embraer levou o E190-E2 para Lhasa para provar suas capacidades em condições extremas. O E2 também é uma excelente aeronave para conectar a Grande China de oeste a leste. “Temos muitos compromissos com os clientes, mas desenvolver o mercado exige paciência”, explica.

Um novo cliente asiático também aumentará a visibilidade do E2 naquela região. Em algumas semanas, o primeiro de nove E190-E2 será entregue para a Scoot, uma subsidiária da Singapore Airlines. A Scoot será uma grande vitrine para uso da aeronave em um modelo de negócios de baixa tarifa.

Mais inovações

A primeira conversão de avião de passageiro em cargueiro da Embraer, o E190F, foi lançado oficialmente em novembro passado. Essa aeronave está agora sendo finalizada e o primeiro voo é planejado para até meados deste ano, com certificação logo depois. O próximo passo é trabalhar no E195F.

A demanda por carga diminuiu desde o lançamento do programa P2F. Mas a fabricante afirma que é preciso construir quando o mercado está um pouco lento para estar pronto quando a demanda voltar. E há muitas oportunidades para um cargueiro do tamanho de um E-Jet, especialmente com o boom do comércio eletrônico e a necessidade de remessas mais rápidas para mercados menores. Até agora, não há nenhuma aeronave de carga que se encaixe entre um ATR e aviões de fuselagem estreita maiores.

Muitas vezes as pessoas perguntam sobre o status do turboélice de nova geração. O desenvolvimento do conceito foi interrompido em 2022 simplesmente porque não havia um motor para ele na época. E ainda não há, então, alguns dos recursos foram destinados ao programa Energia. Portanto, o foco agora está na exploração de novas tecnologias de propulsão – elétrica, elétrica híbrida e hidrogênio – no segmento de até 50 assentos.

“Nosso progresso com nossa iniciativa Energia pode determinar como procederemos com um novo turboélice”, finaliza a empresa.

Informações da Embraer

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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