Uma conferência do setor de companhias aéreas nesta semana destacou o debate sobre a demanda por novos jatos de 50 assentos e a dinâmica do mercado que deixa as fabricantes na incerteza de se comprometerem.
“Há uma oportunidade no setor”, disse o diretor de estratégia de mercado da Embraer, Victor Vieira, na Cúpula de Previsão de Aviação Internacional do Boyd Group em 27 de agosto. “Atualmente, faz sentido ter um novo 50 avião de lugares.”
Chip Childs, executivo-chefe da gigante norte-americana SkyWest, disse que quer um novo modelo de 50 lugares para substituir os antigos Bombardier CRJ200 e Embraer ERJ.
As principais companhias aéreas clientes da SkyWest, como American Airlines, Delta Air Lines e United Airlines, disseram que pretendem manter a frota de 50 passageiros em operação no futuro previsível, diz Childs.
“Temos cerca de 200 deles agora. Sabemos que podemos voar com 150 deles por um tempo muito, muito longo”, disse ele à FlightGlobal. “Ainda há boa demanda por 50 lugares.”
O debate sobre o destino dos aviões de 50 lugares torna-se mais urgente a cada ano, à medida que a frota existente se aproxima da aposentadoria, e não existem substitutos.
A United arrumou uma alternativa convertendo os CRJ700 de 70 lugares em um novo derivativo de 50 assentos, denominado CRJ550, a ser operado pelo parceiro regional GoJet Airlines.
As companhias aéreas em todo o mundo operam cerca de 1.100 jatos na categoria de 50 assentos, sendo quase todos CRJs e ERJs. As transportadoras americanas operam cerca de 700 deles, muitos com mais de 20 anos.
Embora a Embraer veja a oportunidade, Vieira diz que o caso de negócios permanece incerto. Ele questiona se as transportadoras norte-americanas acabarão substituindo a maioria dos aviões de 50 passageiros por aeronaves maiores.
Isso seria mais provável se as principais companhias aéreas dos EUA conseguissem negociar alterações nas “scope clauses” em seus contratos com pilotos, o que abriria espaço para os E-Jets E2.
Essas cláusulas especificam o número de jatos regionais, por quantidade de assentos, que os parceiros regionais das principais companhias aéreas podem operar. E a falta de pilotos é outro ponto que pode levar as companhias aéreas a jatos maiores.
“O ponto é, valerá a pena do ponto de vista econômico?”, Vieira questionou sobre desenvolver um novo modelo de 50 lugares. “Tem que haver um bom negócio para justificar isso.”
Michael Boyd, o consultor cuja empresa sediou a conferência, acredita que jatos de 50 a 70 lugares serão retirados das frotas dos EUA dentro de alguns anos.
Tal mudança refletiria a tendência das companhias aéreas americanas de mudarem para aeronaves maiores e cortarem serviços em pequenas comunidades.
“Cinquenta assentos, o dia está chegando ao fim”, disse Boyd em 27 de agosto.
Childs discorda. Ele não vê escassez de pilotos e prevê que aviões de 50 lugares voarão por anos. Childs teve discussões com a Bombardier, a Embraer e a Mitsubishi Aircraft sobre o desenvolvimento de uma nova aeronave, que ele admite ser uma tarefa difícil.
A Embraer pode parecer a mais capaz de empreender tal projeto, embora seu futuro permaneça incerto em meio a uma aquisição pendente de sua divisão comercial pela Boeing. A Bombardier praticamente saiu da aviação comercial e a produção do CRJ está acabando. A Mitsubishi está totalmente ocupada com o desenvolvimento de seu jato regional SpaceJet.
“O problema é que você tem as scopes clauses”, diz Childs. “Então o que estamos pedindo acaba sendo que façam um avião que só se encaixa nos Estados Unidos”.
A SkyWest também está de olho em investimentos para prolongar a vida útil de seus aviões atuais de 50 assentos. Muitos deles registraram 30.000 ciclos (sequências de pousos e decolagens), mas poderiam voar para 60.000, o que equivale a 10 ou 15 anos a mais de serviço, diz Childs.
“O retorno [financeiro] para nós nos 50 lugares é forte o suficiente hoje para que possamos colocar muito capital nessas aeronaves e continuar a voar com elas”, diz ele.
Informações pela FlightGlobal.