Ilyushin de Lavrov não pode sair do Rio após ter abastecimento negado

O quadrijato russo Ilyushin IL-96 que trouxe Sergey Lavrov, Ministro das Relações Exteriores Russo, não poderá sair do Rio para Brasília devido à uma negativa de abastecimento.

Foto – DepositPhotos

Como o AEROIN tem mostrado, vários jatos diplomáticos chegaram ao Rio de Janeiro nesta semana para a reunião pré-G20 que está sendo realizada com Ministros das Relações Exteriores dos principais países do mundo.

Para o encontro, a a Rússia enviou Sergey Lavrov, grande político russo e conhecido por defender com constância a invasão da Ucrânia que ocorre desde 2014. Ele chegou ao Rio a bordo de um quadrijato Ilyushin IL-96 do estado russo, que fez escalas intermediárias em Cuba e Venezuela.

Após a reunião, que precede ao encontro do G20 em novembro no Rio, o chanceler russo iria até Brasília para aproveitar a passagem no Brasil para se encontrar com o Presidente Lula.

Mas este encontro quase foi cancelado, como revela o jornal Valor Econômico. O motivo tem a ver com os EUA: por ser uma das peças-chave do governo russo e defensor da invasão, Lavrov está sancionado pelos americanos.

Estas sanções incluem não apenas ele como indivíduo, mas também empresas que forneçam qualquer tipo de serviço a ele. Desta maneira, os abastecedores de combustível que eventualmente atendam qualquer aeronave usada por Lavrov podem ser sancionados e proibidos de fazer negócios com os EUA, incluindo empresas privadas americanas.

Fugindo de sanções

E temendo isso, a VIBRA, que é a antiga BR Distribuidora e já foi uma divisão da Petrobrás, negou o abastecimento do IL-96 em Brasília. O abastecimento do Ilyushin na capital federal brasileira seria necessário para ele poder ir sem escalas até Casablanca, onde será reabastecido novamente para depois voar até a Rússia pelas novas rotas que evitam o espaço aéreo europeu.

Caso a VIBRA abastecesse o IL-96, ela poderia ficar impedida de vender combustível, por exemplo, para a American Airlines, Delta Airlines e United Airlines, que são as aéreas americanas que operam regularmente no Brasil.

A empresa de combustíveis preferiu não comentar o assunto ao VALOR e nem confirmou a informação, e segundo o jornal. O abastecimento para saída do Rio para Marrocos foi garantido pela Jetfly Combustíveis. As outras empresas concorrentes que abastecem em Brasília também não comentaram o assunto, segundo o VALOR.

Voo na FAB

Para não desmarcar o encontro, o governo brasileiro teria consultado a Força Aérea Brasileira sobre a disponibilidade de querosene de aviação (JETA1) na Base Aérea do Galeão, mas os militares informaram que não teriam quantidade disponível suficiente.

Uma opção apresentada para Sergey Lavrov seria retornar ao Rio para abastecimento antes de seguir para o Marrocos, dando uma volta maior, o que foi negado pelos russos. Sem opções restantes, foi acordado que o ministro russo seguirá em jatinho da FAB até Brasília no voo que levaria Mauro Vieira, do Itamaraty.

Não está claro se Vieira irá acompanhar Lavrov no voo de volta até o Rio, onde ele deverá sair na sexta com o IL-96 até o Marrocos. Vale notar que não é a primeira vez que Lavrov vem ao Brasil e nem à Brasília após a guerra, mas, da última vez, ele fez apenas uma parada no país, exatamente na capital federal, e não foi informado na época se a aeronave foi abastecida. O Ministro Russo confirmou posteriormente a impossiblidade do abastecimento:

O caso agora em Brasília lembra bastante outra situação recente: o do Boeing 747-300 da venezuelana Emtrasur que teve abastecimento negado na Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil. O Jumbo ficou preso em Buenos Aires até ser confiscado pelos EUA e levado para a Flórida recentemente:

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Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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