Incidentes com aviões após estocagem geram alerta de Conselho de Segurança

Imagem: Stanislav Doronenko / CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O Conselho de Segurança da Holanda (DSB) emitiu um aviso provisório nesta semana para as companhias aéreas que retornam suas aeronaves ao serviço após terem sido temporariamente retiradas de serviço e mantidas em estocagem.

O alerta surge enquanto o Conselho está investigando dois incidentes nos quais os aviões apresentaram problemas com as indicações de velocidade e altitude imediatamente após a decolagem.

As aeronaves das companhias aéreas Transavia e TUI estavam fora de serviço por algum tempo devido à pandemia de corona antes do registro dos incidentes. Em um dos casos mencionados, não foi retirada a cobertura de um sensor, e no outro, algumas tubulações não foram conectadas corretamente. Em ambos os casos, isso resultou na apresentação aos pilotos de informações incorretas de altitude e velocidade.

Caso 1: outubro de 2020

Avião Boeing 737-800 TUI
737-800 do grupo TUI – Imagem: Alan Wilson / CC BY-SA, via Wikimedia Commons

Em 3 de outubro de 2020, o Boeing 737-800 registrado sob a matrícula OO-JAV, operado pela TUI Bélgica em nome da TUI Holanda, estava realizando o voo de número OR-695, de Amsterdam (Holanda) para Funchal (Portugal) com 189 pessoas a bordo.

O jato estava mantendo o nível de voo (FL) 360 (cerca de 36.000 pés de altitude) sobre o Canal da Mancha quando a tripulação decidiu retornar a Amsterdam. A aeronave desceu para o FL350 para o retorno e pousou com segurança na pista 06 de Amsterdã cerca de 1h50 após a partida.

Segundo o The Aviation Herald, os serviços de emergência estavam em suas posições de prontidão após terem sido alertados da ocorrência, com a declaração de que a tripulação havia relatado velocidade não confiável.

Em 9 de novembro de 2020, o DSB relatou que a tripulação observou diferenças nas indicações de velocidade e altitude entre os instrumentos do comandante e do primeiro oficial, e quando a aeronave chegou à altitude de cruzeiro as diferenças tornaram-se maiores.

Depois que a tripulação tentou solucionar o problema e não obteve sucesso, a aeronave foi levada de volta ao Aeroporto Schiphol de Amsterdã para um pouso seguro.

Caso 2: abril de 2021

737-700 da Transavia – Imagem: Per aspera ad Astra / CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Em 24 de abril de 2021, o Boeing 737-700 registrado sob a matrícula PH-XRX, operado pela Transavia e realizando o voo de número HV-6051 de Rotterdam (Holanda) para Alicante (Espanha), partiu da pista 06 de Rotterdam normalmente, no entanto, ao começar a subir, o transponder Mode-S não transmitiu qualquer informação plausível de altitude.

Segundo informações do The Aviation Herald, a tripulação logo solicitou ao controle de tráfego aéreo (ATC) o nivelamento e foi autorizada a manter 5.000 pés. O ATC de Rotterdam avisou que não recebeu nenhuma informação de altitude da aeronave.

A tripulação mudou para seu outro transponder e perguntou “e agora”, mas o ATC novamente informou que ainda não havia leitura de altitude disponível. Ao questionar os pilotos sobre sua altitude, eles relataram que “acreditavam” estar a 6.500 pés e que estavam voando por seus instrumentos reserva (“stand-by”) que consideravam confiáveis.

O ATC então perguntou a altitude ao pessoal do radar tridimensional militar, que informou que a aeronave estava, na verdade, no nível de voo (FL) 110, ou seja, cerca de 11.000 pés de altitude. A tripulação decidiu desviar para Amsterdã e solicitou a pista 06 no aeroporto de Schiphol.

Ao se aproximar de Amsterdã, os pilotos explicaram que tudo estava normal na decolagem de Rotterdam, porém, na subida, eles receberam indicações de erros de velocidade e altitude não confiáveis ​​nos instrumentos do comandante e do primeiro oficial. Eles acreditavam que seus instrumentos “stand-by” eram confiáveis. O controle de aproximação de Amsterdã também confirmou que não recebeu nenhuma leitura de altitude.

A aeronave pousou com segurança na pista 06 de Amsterdã cerca de 35 minutos após a partida de Rotterdam.

Em 11 de maio de 2021, o DSB anunciou que abriu uma breve investigação, afirmando: “Logo após a decolagem, valores errôneos de altitude e velocidade foram exibidos nos instrumentos do comandante e do primeiro oficial. A tripulação conseguiu atingir a velocidade e altitude adequadas com o uso de instrumentos “stand-by” e decidiu desviar para o Aeroporto Schiphol de Amsterdã, onde a aeronave fez um pouso seguro.”

Alerta sobre riscos de segurança

Com o aviso emitido, o Conselho de Segurança holandês destaca que quer alertar as companhias aéreas e as empresas de manutenção sobre os riscos de segurança que podem surgir quando as aeronaves são colocadas em uso após um período de paralisação. O DSB espera que isso aconteça com frequência nos próximos meses com o relaxamento das medidas de restrição da Covid-19.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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