Indústria russa espera entregar 1.000 aviões até 2030, entre modelos novos e ressuscitados

Foto de Oleg Belyakov, CC BY-SA 3.0 GFDL 1.2, via Wikimedia

A indústria russa está diante da pressão das sanções ocidentais desde que o país invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro. Os embargos, liderados principalmente por EUA e Europa, levaram à saída de parceiros estrangeiros e a ruptura das cadeias de suprimentos russas, exigindo uma reorientação dos mercados de exportação e o fortalecimento de sua soberania tecnológica. 

Nesse contexto, o chefe do Ministério da Indústria e Comércio, Denis Manturov, falou em entrevista à agência estatal TASS sobre as perspectivas de desenvolvimento da indústria aeronáutica russa até 2030, atualizou sobre reuniões com parceiros estrangeiros, e também comentou sobre as iniciativas de substituição de importações.

Segundo Manturov, “de acordo com as instruções do Presidente [Putin], seguindo os resultados da reunião sobre o desenvolvimento do transporte aéreo e fabricação de aeronaves, nós, juntamente com o Ministério dos Transportes, formamos um programa abrangente para o desenvolvimento da indústria aeronáutica até 2030. Um de seus parâmetros é a previsão de produção de aeronaves, que inclui o balanço ótimo de volumes e prazos de entrega”.

Até 2030, as empresas da indústria da aviação confirmaram a possibilidade de fornecer mais de mil aeronaves para as necessidades da aviação civil, substituindo simultaneamente componentes estrangeiros por contrapartes russas e modernizando a produção, quando necessário. 

Nesse pacote de aeronave estão modelos novos, como:

– 142 jatos Sukhoi Superjet SSJ New, que contará apenas com componentes russos;

– 270 MC-21-310, em processo de certificação;

– 70 Il-114-300, o modernizado turboélice regional;

Além desses, há ainda exemplares de programas antigos ressuscitados, incluindo 70 Tu-214 e 12 Il-96-300.  Somam-se aos acima aeronaves de menor porte Ladoga, L-410 e Baikal, que ajudarão a abastecer as frotas das companhias regionais e locais, em quantidades não informadas.

Em adição aos aviões, haverá a entrega de 764 helicópteros no mesmo período, com principal ênfase nos helicópteros Ansat (201 unidades) e Mi-8 (276 unidades) que são os mais procurados.

No contexto das restrições de sanções, o Manturov salientou que os dados de pesquisas de companhias aéreas confirmam que esses volumes de aeronaves estarão em plena demanda pelas operadoras domésticas ao longo do restante desta década.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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