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Mercado de milhas aéreas pode colapsar após caso da 123 Milhas

A agência de viagens online e de comércio de pontos 123 Milhas pode entrar em colapso com a recente crise e levar um mercado inteiro junto.

Foto – DepositPhotos

O cancelamento de todos os pacotes flexíveis adquiridos pelos clientes, com reembolso através de vouchers parcelados, gerou dúvidas sobre a capacidade financeira da empresa, que é de Belo Horizonte e de proriedade da Max Milhas, a qual tem como subsidiárias a HotMilhas, detendo praticamente o monopólio do comércio de milhas no país.

As recentes decisões judiciais já estavam posicionadas contra o conglomerado, dando direito para que as companhias aéreas, de fato, controlassem a emissão para terceiros dos seus programas de milhas, que não tem regulamentação e seguem a critério do criador do programa (as aéreas, no caso).

Com limitações de emissões para apenas uma pessoa fora do círculo familiar, está ficando cada vez mais complicado vender as milhas acumuladas, assim como adquirir. Agora, o produto do caso da 123 Milhas pode colocar um fim a este mercado.

O AEROIN conversou com o Dr. Leonardo Adriano Ribeiro Dias, Head de Contencioso, Arbitragem e Insolvência no Marcos Martins Advogados, e que é especialista no assunto de Recuperação Judicial.

Segundo Leonardo, a “recuperação judicial é um processo destinado a sanar crises econômico-financeiras de empresas que possam retornar ao mercado. É centrado em um plano que deverá ser submetido aos credores, que poderão aprová-lo, rejeitá-lo ou apresentar plano alternativo. Se o plano for rejeitado, a empresa quebra.

No caso da 123 milhas, embora não haja indícios claros sobre a saúde financeira e sua capacidade de cumprir obrigações no curto prazo, a situação envolvendo o cancelamento da venda do “pacote promo” gerou uma crise de confiança entre os consumidores e o mercado em geral. Não se sabe se a empresa será capaz de honrar as passagens vendidas, já que o consumidor não é obrigado a aceitar vouchers.

Além disso, já existem ações judiciais em que foi determinado o bloqueio de contas da empresa, além de uma ação civil pública pedindo que ela entregue as passagens ou devolva o dinheiro dos consumidores. Em larga escala, isso pode comprometer o caixa da 123 milhas e impedir que ela pague credores, o que torna a recuperação judicial uma opção cada vez mais factível.

Por fim, questiona-se a própria viabilidade do modelo de pacotes flexíveis, bem como as restrições impostas às transferências de milhas, o que gera dúvidas sobre a possibilidade de manutenção da 123 Milhas no mercado.”

A 123 Milhas suspendeu hoje o atendimento presencial na sua sede em Belo Horizonte e ainda não deu explicações sobre apenas fornecer vouchers como opção de reembolso.

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