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O dia de ontem foi histórico: o primeiro voo comercial entre dois antigos inimigos, EUA e Vietnã, foi realizado sem escalas.
O fato histórico foi feito entre Hanói, capital do Vietnã (e antiga capital do Vietnã do Norte), e São Francisco, no estado da Califórnia. O jato que fez o voo foi o novíssimo Boeing 787-10 Dreamliner da Vietnam Airlines.
Em meados da virada do milênio, diversas cidades na costa oeste americana, como São Francisco e Los Angeles, começaram a ter voos diretos para vários países asiáticos fora da esfera China, Coreia e Japão.
Isto se deu graças aos aviões de grande alcance como os MD-11, Boeings 777 e 747, e também pela popularização das viagens aéreas pelo globo.
Mas o Vietnã nunca foi contemplado por estes voos, em boa parte devido ao histórico de guerra com os EUA. Apesar de os dois países terem restabelecido relações diplomáticas não muito depois do fim da guerra em 1975, demorou um tempo para que tudo voltasse ao normal.
Somente em 2000 foi que um presidente americano visitou o Vietnã unificado. Foi Bill Clinton, após ser influenciado por John McCain III, na época senador, mas que foi piloto de A-4 Skyhawk na guerra, tendo sido abatido e mantido como prisioneiro de guerra.
De lá para cá as relações dos países ficaram mais próximas que nunca, apoiada na grande comunidade vietnamita que mora principalmente na Califórnia (cidadãos do Vietnã do Sul foram evacuados para os EUA nos momentos finais da guerra).
Ainda assim, um voo direto apenas com passageiros civis nunca tinha sido feito, em parte por causa das amplas opções de ligação com apenas uma conexão, mas também pelo fato da “baixa demanda”, já que o Vietnã não é considerado “seguro” e ainda havia preconceito com um ex-inimigo.
Mas, tecnicamente, a única barreira era a classificação técnica de segurança da FAA, que no ano passado aferiu que a Vietnam Airlines atendia todos os critérios de segurança e foi considerada uma empresa de “nível 1” pelos EUA, podendo oferecer voos diretos ou com conexão.
Após a autorização, a empresa já estava planejando há algum tempo operar um voo sem escalas, mas ainda estava na parte de planejamento, inclusive porque a concorrente Bamboo Airways também está na cola da FAA para obter o certificado.
Mas devido à Pandemia do Coronavírus, a demanda extraordinária surgiu e o voo foi feito. Segundo a Embaixada Americana em Hanói, um segundo voo deve ocorrer no dia 15, na mesma rota, com o preço de $1000 dólares por passageiro (R$ 5.742).
Com informações do Departamento de Estado dos EUA e do Aeroporto Internacional de São Francisco
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