Quais são as regras que precisam ser seguidas para pousar com aviões comerciais na Antártica

O transporte aéreo para a Antártica não é semelhante a um voo comercial comum. Com uma população limitada a alguns postos de pesquisa, pousar em uma das poucas pistas disponíveis no continente exige etapas extras de planejamento aos operadores. Além dos desafios operacionais e adaptações que o voo para a Antártica impõe, existem também rigorosas regulamentações sobre a realização de voos na região.

O primeiro voo no espaço aéreo antártico foi realizado por George Hubert Wilkins e pelo piloto Carl Ben Eielson, que sobrevoaram partes do continente em um Lockheed Vega no final de 1928. No entanto, a primeira aterrissagem de uma aeronave no continente foi realizada pelo pioneiro da aviação Richard E. Byrd, que pousou um Fokker Super Universal Virginia durante uma expedição em 1929-1930.

Em 1959, de acordo com o Sistema de Tratado Antártico, a Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) estabeleceu regulamentos de voo voltados para preservar o meio ambiente do continente, aprimorar a segurança e a disseminação de conhecimento científico.

As regulamentações foram expandidas na década de 1990 com o Protocolo de Madrid, que estabeleceu que todas as atividades de voo devem passar por um escrutínio maior, principalmente com relação ao seu impacto ambiental. Quaisquer operadores precisam criar planos de preparação abrangentes e garantir a minimalização da interrupção de vida selvagem através de práticas como altitudes mínimas e evitando regiões específicas.

Diferentemente dos seis continentes habitados, a Antártica não possui uma pista de pouso pavimentada para voos comerciais. Em vez disso, os aviões pousam em pistas de gelo com suporte técnico terrestre relativamente limitado. O pouso não pode ser realizado por pilotos comuns, os quais necessitam de treinamento especializado.

Dado que a Antártica não está aberta para o turismo por meio de voos regulares, os serviços são geralmente solicitados por estações base no solo. Os reguladores também exigirão um plano de voo especial. As regras diferem dependendo de qual país opera o aeroporto perto de suas bases de pesquisa. No entanto, espera-se ver permissões rigorosas em toda parte se qualquer voo precisar pousar na Antártica.

Além das aprovações regulatórias, as tripulações com destino à Antártica passam por um treinamento de sobrevivência no Ártico caso algo dê errado. Eles também preparam peças sobressalentes para o avião que opera a rota, pois a disponibilidade no solo é zero e enviar mais peças pode demorar semanas. Os operadores devem fazer uma avaliação ambiental e planejar a rota de acordo para evitar áreas sensíveis.

É importante salientar que chegar à Antártica a partir da África do Sul, uma rota comum para aeroportos em um lado do continente, exige que muitos aviões voem sem um aeroporto de desvio. Isso envolve outra camada de permissões dos reguladores, pois a aeronave não será capaz de voltar por qualquer motivo após determinado ponto de não retorno.

Com o estabelecimento de pistas de gelo azul nos anos 80, aeronaves mais pesadas puderam fazer pousos no continente, algo que anteriormente seria perigoso demais. A primeira aeronave comercial a pousar na Antártica foi um Airbus A319 em 2007, operado pela Divisão Antártica Australiana com origem em Christchurch, Nova Zelândia.

Em dezembro de 2021, um Airbus A340 pousou pela primeira na Antártica operado pela companhia aérea Hi-Fly. Depois, foi a vez de um Boeing 787-9 da Norse Atlantic fazer o mesmo (foto abaixo).

Foto – Norsk Polarinstitutt
Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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