Voando para a ilha de San Andrés com a Viva Colombia

Neste relato, eu conto como foi voar com a Viva Colômbia em um voo entre Bogotá e a paradisíaca ilha de San Andrés. Como uma tradicional low cost, o preço das passagens é menor do que as concorrentes, mas qualquer serviço adicional é pago à parte e isso você poderá entender melhor logo abaixo.




A Viva Colombia é uma empresa de baixo custo e baixa tarifa que interliga os principais destinos turísticos do seu país e cuja administração é da Irelandia Aviation, conhecida por ter estebelecido empresas aéreas de baixo custo ao redor do mundo, como a Ryanair.

Sua frota é padronizada em 11 Airbus A320, que voam um total de 29 rotas, sendo a grande maioria delas domésticas. Somente entre o continente e a ilha de San Andrés são cinco ligações possíveis, com partidas de Cali, Medellin, Cartagena, Pereira e Bogotá.

 

 

Os preços da Viva Colombia aparecem normalmente nos mecanismos de busca como Kayak e SkyScanner, portanto, é fácil fazer uma comparação dos preços. Mas (muito importante!) não se esqueça que empresas low-cost possuem uma série de serviços agregados, que podem fazer sua passagem ficar mais cara e que não aparecem no valor inicial do bilhete. Sobre eles eu falarei mais abaixo.

Em meu caso, pela larga vantagem do preço da Viva Colombia, acabei comprando à vista e em pesos colombianos. Mesmo com a perda no câmbio e o IOF foram mais de R$ 100 de diferença, por trecho (por pessoa). Ao todo, a economia que eu e minha esposa tivemos foi de R$400 para a concorrente mais próxima.

Mas, como comentei, o preço mais baixo tem sua razão de ser.




Cada bagagem ou amenidade adicional tem seu preço. Por exemplo, você tem direito a uma bagagem de mão, no entanto, a passagem não lhe dá direito a nenhuma mala despachada. A primeira mala despachada vai custar COP 38.000 (aproximadamente R$ 45), as demais malas são mais caras.

Em meu caso, como havia ficado alguns dias em Bogotá, combinei com o hotel de deixar as malas por lá e viajar para San Andrés somente com uma mochila, o que me economizou o valor da bagagem despachada. Mesmo tendo que voltar ao hotel para buscar a mala (na volta), valeu a pena.

 

No ato da compra, a empresa oferece diversos itens adicionais pagos.

 

A low cost ganha também nos outros serviços agregados.

No check-in, as malas de mão são checadas contra o gabarito, a fim de verificar se elas atendem ao limite de tamanho. Caso não atenda, não tem exceção, terá de pagar pela bagagem despachada segundo o preço acima.

Outro aspecto interessante é que na Viva Colombia não há reserva de assento e o embarque é feito por grupos que vão de 1 a 4, sendo que o grupo 1 embarca primeiro. No ato da compra, você deve escolher o grupo desejado (e pagar por isso). Como eu queria voltar na janela para poder fotografar a ilha de cima, escolhi o grupo 2 e paguei COP 4.310 (cerca de R$ 5) por isso.

O grupo 4 você não paga, mas também embarca por último e vai acabar pegando os piores lugares.

 

Gabarito para malas de mão. Passou do limite, pagou.

 

Se quiser usar a fila preferencial no check-in (o ‘Equipaje Express’), paga mais COP 4.310. Na ida, sinceramente, não havia necessidade de gastar com isso, até por que a fila do check-in normal estava bem tranquila, mas na volta… teria valido a pena como você poderá ver mais adiante!

Imagino que muitas pessoas pagam pelo serviço no ato da compra, por que a fila rápida estava bem agitada.

 

Check-in com as filas normais e a rápida.




Aos turistas que embarcam para San Andrés, há necessidade de pagar uma taxa turística, que é revertida para a conservação da ilha. O valor quando viajei era de COP 49.000 (R$ 57).

 

Placa próxima ao check-in avisa da taxa turística

 

Feito o check-in, recebi o cartão de embarque e adentrei pelo moderno terminal do aeroporto El Dorado. Nosso voo naquela noite era o VVC8170 com saída de Bogotá às 19h50 e chegada prevista a San Andrés às 22h10.

A aeronave seria o Airbus A320-200 HK-4811, uma aeronave de 2001 que já voou por empresas como Martinair Holland, XL Airways Germany e USA3000. A configuração interna da Viva Colombia é a mais densa delas, com 180 assentos em classe econômica.

 

No monitor conferimos que o voo estava no horário.

 

Nosso embarque foi pela ala mais nova do terminal doméstico do Aeroporto Internacional El Dorado.

Desde que passou para a administração da Opain S.A. o aeroporto tem apresentado um avanço enorme em termos de capacidade e conforto aos passageiros, e em nada lembra o antigo aeroporto bogotano. Bem iluminado, o terminal possui amplas áreas de espera, com muitas cadeiras, inclusive algumas mais ergonômicas, que fazem toda a diferença em voos mais longos. Não é uma sala VIP, mas quebra o galho!

Nosso portão de embarque naquele dia foi o de número 22, localizado na extremidade do terminal e uma característica bacana para quem curte aviação, como eu, é que da área de embarque se tem uma vista privilegiada do pátio e das aeronaves estacionadas nos gates.

 

Área de Embarque doméstico do El Dorado

 

À hora do embarque, os funcionários da empresa iniciaram as chamadas por grupos.

Chamou o grupo 1 e apenas meia dúzia de pessoas se apresentaram para o embarque.

Como comentei acima, meu grupo era o 2. Saber que tão pouca gente adquiriu o grupo 1 me gerou uma boa expectativa já que eu tive certeza de que poderia escolher um lugar mais à frente da aeronave. Além disso, meu pensamento estava na volta, pois eu fazia questão de voltar na janela e fazer as fotos que vocês vão ver mais abaixo. Para isso, embarcar antes seria fundamental (mas quase deu errado, como vou relatar mais adiante).

 

Poucos passageiros embarcaram no grupo 1

 

Como previ, embarquei com o avião vazio e escolhi um lugar na janela, na fileira 4. Ao embarcar com a aeronave vazia, senti que valeu a pena esse upgrade.

Se pararmos para pensar que as empresas atuais (não apenas as low-cost) cobram mais caro por assentos na frente, até que os R$ 6 cobrados pela Viva Colombia não foram muita coisa, mesmo considerando que o espaço para pernas fosse o mesmo em todo o avião.

Na aeronave, fomos recebidos com cordialidade pelas comissárias e comissários da empresa, todos muito jovens, trajados de uniformes nas cores da bandeira do seu país, com vermelho, amarelo e azul.

 

O avião inteiro para eu escolher o assento.

 

A configuração interna é 3-3, com um corredor, e os assentos seguem um modelo mais antigo, ou seja, são de material mais grosso e reclinam pouco. Nos novos Airbus da empresa, a configuração será melhor.




A distância entre os assentos é padrão das low cost, ou seja, pessoas mais altas sentirão menos conforto. Para meus 1,74m foi OK. Como mostro na foto, até sobraram alguns centímetros.

 

Espaço para as pernas estreito, mas OK para meus 1,74m

 

Não há monitores de TV a bordo e a opção de entretenimento é a revista VIVA, cujo conteúdo é de variedades com destaque para informações e curiosidades dos destinos operados pela empresa. Naquela edição, falava-se também da introdução dos novos uniformes da Viva Colombia.

Interessante de refletir que revistas de bordo são uma fonte de renda relevante para as empresas aéreas. Por conta da publicidade e alta visibilidade, já que a maior parte dos passageiros folheia e tem contato com os anúncios veiculados. E somado ao fato de que raramente um passageiro leva a revista consigo, garantindo que um mesmo exemplar seja visto por centenas de pessoas.

 

A revista VIVA é a opção de entretenimento a bordo

 

Comida ao estilo low-cost

O VivaMenú contém as opções de lanche para quem desejar comer algo a bordo. Obviamente não é possível esperar o mesmo preço que se paga em terra a bordo de um avião, mas eu confesso que achei a maior parte dos preços justos.

 

O VivaMenú contém comes, bebes e variedades.

 

E se você pensa que o menu tem apenas opções comestíveis, enganou-se.

Há uma seção somente com artigos diversos. Minha mão coçou para comprar aquela miniatura do Airbus A320 da empresa, mas resisti a tentação dessa vez.

 

Quase comprei aquele avião em miniatura

 

O voo de quase duas horas até San Andrés foi tranquilo.

Pegamos alguma turbulência na aproximação final em razão dos fortes ventos, comuns naquela região, mas nada que tirasse a vontade de ver o mar de sete cores da ilha.

 

Em voo sobre algum lugar da Colômbia

 

Após uma estadia muito agradável na ilha, me aprontei para o retorno a Bogotá. O calor estava intenso, como não poderia deixar de ser, e meu voo sairia ao meio-dia, no auge do Sol.

No céu, quase nenhuma nuvem!

Tinha tempo, pedi um táxi e quinze minutos depois cheguei ao aeroporto Gustavo Rojas Pinilla. Pesquisei na internet sobre esse colombiano, e descobri que foi um ex-presidente e militar do exército colombiano que ingressou no governo mediante um golpe de estado. No entanto, seu mandato ficou marcado por grandes obras de infra-estrutura, a implantação da televisão na Colômbia, o reconhecimento do voto feminino e acordos de paz com guerrilhas liberais da época.

 

Fachada do aeroporto Gustavo Rojas Pinilla

 

Se do lado de fora do aeroporto tudo é muito colorido, a ilha de San Andrés tem passado por alguns desafios sociais e econômicos. Um dos maiores problemas de San Andrés é a superpopulação devido à migração de pessoas do continente.




Migração que é fomentada, principalmente, pela ilha ser um porto livre, ou seja, isento de impostos. Quando você passear por lá, o que você mais vai encontrar são lojas de importados e comprar perfumes na ilha pode ser uma boa ideia (nas lojas mais distantes do centro), mas também vai notar um pouco dessa superpopulação.

Não obstante, o povo é muito pacato, receptivo e alegre. Embora o espanhol seja a língua oficial da Colômbia, a ilha possui um idioma chamado Creole. É difícil de entender, mas nota-se que mistura inglês, francês e espanhol, é bastante interessante.

 

Mural na fachada do aeroporto

 

Calor e umidade intensos no aeroporto, que não possui ar-condicionado. Eu suava em bicas enquanto os enormes ventiladores de teto tentavam (em vão) dar algum alívio. Fiz a foto abaixo tentando mostrar o tamanho do ventilador.

Ventiladores (gigantes) de teto

 

Diferente do voo de ida, dessa vez a fila no check-in era intensa e demorou uma eternidade. O mesmo aconteceu na área de raio-x. Foi quase uma hora e meia para percorrer todo esse processo, fazendo com que eu chegasse na área de embarque próximo da última chamada.

Isso não significa que eu perderia o voo, pois as funcionárias da empresa corriam para lá e para cá checando se algum passageiro não havia ficado para trás. Não sei dizer se foi um dia atípico.

 

Check-in demorado na volta.

 

Pode parecer um detalhe, mas você se lembra que, lá na frente, eu mencionei que meu grupo de embarque era o Grupo 2, certo? E que o avião não tinha lugares reservados?

Pois é, quando cheguei no portão de embarque já estavam entrando os passageiros do grupo 4.

Imagine quais assentos sobraram para mim… Bingo, os piores do avião!

Mas…

 

 

Confesso que fiquei frustrado por ver passando por mim a chance de fazer as fotos de San Andrés do alto. Eu houvera escolhido o Grupo 2 justamente para embarcar e sentar na janela na volta! Não adiantou nem reclamar com a comissária e eu entendo o lado dela.

Felizmente, como que por destino, a moça que estava sentada do meu lado atendeu ao pedido da minha esposa e nos cedeu o lugar à janela. Conhecedora da ilha, já havia feito aquela rota outras vezes e sabia o que eu iria perder se não conseguisse sentar à janela. Essa colombiana ganhou minha admiração!

E veja só o resultado. Valeu a pena?

 




Para concluir, eu acho que valeu a pena a experiência de voar com a Viva Colômbia. Um voo curto, seguro, pontual, profissional e muito mais barato que as concorrentes (principalmente em face a eu não estar carregando bagagens), embora não tão confortável.

 

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