A ser feito por um Boeing 747, o 1º lançamento espacial no Reino Unido ficou para o ano que vem

O Boeing 747 lançador de foguetes – Imagem: Virgin Orbit

Como vem sendo visto ao longo dos últimos meses, está se aproximando o momento de ocorrer o primeiro lançamento espacial feito no Reino Unido e na Europa Ocidental na história. Porém, a previsão de que esse feito seria realizado nesse mês de dezembro foi alterada e ficou para 2023.

A missão será feita pela Virgin Orbit através de seu avião Boeing 747 adaptado, que possui um suporte sob a asa esquerda, para a fixação do foguete LauncherOne e sua liberação em altitude.

Esse inédito serviço comercial permite economia de combustível de foguete em relação ao processo feito a partir do solo, bem como torna possível a realização em qualquer parte do mundo, devido à necessidade de infraestrutura muito mais simples do que os complexos centros de lançamento.

Mesmo assim, a missão de lançamento com o Boeing 747 necessita de diversas avaliações técnicas, e das consequentes aprovações das agências governamentais que regulam o espaço aéreo, a aviação e os demais aspectos envolvidos, ainda mais em se tratando da primeira vez.

Assim sendo, a aprovação do lançamento previsto para acontecer a partir de Cornwall, no Reino Unido, acabou não saindo tão rápido quanto se esperava.

Em uma atualização de status, Dan Hart, CEO da Virgin Orbit, falou na última sexta-feira, 9 de dezembro, sobre a missão batizada de ‘Start Me Up’, citando que “licenças ainda pendentes” estão entre os motivos do adiamento:

“Neste momento, todas as espaçonaves (satélites) de nossos clientes foram encapsuladas em nosso conjunto de carga útil e em nosso foguete LauncherOne, que agora está acoplado a nossa aeronave transportadora no Echo Apron no Spaceport Cornwall.

Através de muito trabalho e estreita coordenação com todos os nossos parceiros de lançamento, um aeroporto comercial foi transformado no primeiro espaçoporto orbital da Europa Ocidental.

Com licenças ainda pendentes para o lançamento em si e para os satélites dentro da carga útil, trabalho técnico adicional necessário para estabelecer a integridade e prontidão do sistema e uma janela de lançamento disponível muito limitada de apenas dois dias, determinamos que é prudente redirecionar o lançamento para as próximas semanas para permitir, a nós mesmos e aos nossos parceiros, tempo para pavimentar o caminho para o sucesso total da missão.

Todas as partes interessadas continuam a conduzir um esforço coordenado em direção a um marco histórico, que em breve estabelecerá o Reino Unido como a primeira nação da Europa Ocidental com capacidade de lançamento em órbita.”

A autoridade de aviação civil do Reino Unido (UK CAA), que se tornou a reguladora dos lançamentos espaciais, emitiu um posicionamento informando sobre o andamento dos trabalhos regulatórios, mas especialmente com o objetivo de apresentar sua defesa, já que houve a crítica sobre as aprovações pendentes.

Segundo Tim Johnson, Diretor de Regulação Espacial da agência, a própria empresa ainda teria “problemas técnicos” a serem resolvidos:

“O processo de regulamentação espacial do Reino Unido não é uma barreira para um lançamento espacial no Reino Unido.

A Virgin Orbit disse em seu comunicado esta manhã que existem alguns problemas técnicos que precisam ser resolvidos antes do lançamento. Estes não se relacionam de forma alguma com o momento em que uma licença será emitida pela Autoridade de Aviação Civil.

O licenciamento efetivo é parte integrante da atividade espacial do Reino Unido. A licença do Spaceport Cornwall já permite que a Virgin Orbit realize seu programa de testes antes do lançamento.

A nossa equipe dedicada tem trabalhado em estreita colaboração com todos os parceiros para avaliar os pedidos e emitir as restantes licenças dentro dos prazos que definimos desde o início.

Continuamos a trabalhar com a Virgin Orbit e outras partes interessadas, para fazer nossa parte na entrega de um lançamento seguro no Reino Unido.”

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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