Aérea oferece mixaria após destruir cadeira de rodas de passageira com deficiência

Situações envolvendo pessoas com deficiência que tiveram problemas durante o transporte aéreo público e foram mal atendidas depois têm sido corriqueiras no noticiário, mostrando que, embora o mundo esteja mais atento à inclusão, ainda há um caminho a ser percorrido. O último exemplo envolveu a canadense Maayan Ziv, uma empresária e ativista dos direitos dos deficientes, que depende de sua cadeira de rodas para ter sua independência. 

Ziv vive com Distrofia Muscular, uma condição genética que pode causar fraqueza e degeneração muscular severa, mas sua cadeira de rodas elétrica lhe dá mobilidade. No entanto, quando Ziv entra em um avião, ela tem que deixar sua cadeira nas mãos da companhia aérea e “testar a sorte”.

A jovem empresária, entretanto, teve um revés na quarta-feira (7), quando desembarcou de um voo da Air Canada em Tel Aviv (Israel) e encontrou sua cadeira de rodas quase destruída. Ela chegou a postar uma foto no Twitter, mostrando como ficou o objeto, dizendo: “Saí do avião para encontrar a minha independência tirada de mim. Isso não pode continuar acontecendo com pessoas com deficiência. Esta cadeira de rodas é minha mobilidade. Minha vida inteira é garantida por esta cadeira. Outro voo, outra cadeira de rotas danificada por uma empresa aérea”.

Ziv havia sido convidada a visitar Tel Aviv pela autoridade de turismo de Israel para participar de uma conferência de acessibilidade que ocorre no país e, para todos os efeitos, fez tudo ao seu alcance para garantir que sua cadeira de rodas fosse bem cuidada.

Antes de sua viagem, ligou para a Air Canada e confirmou que a aeronave, um Boeing 787 Dreamliner, era grande o suficiente para acomodar sua cadeira de rodas e que a empresa atenderia à necessidade. Depois, chegou ao aeroporto quatro horas antes do voo, com foco em proteger a cadeira com plástico-bolha, antes de entregá-la à companhia aérea.

Ainda isso, não foi suficiente.

No entanto, o insulto maior ainda estava por vir, pois, como Ziv relatou em outro tuite, a Air Canada lhe ofereceu um voucher de US$ 300 como forma de compensação pelos danos à cadeira. Por isso, Ziv voltou a criticar a empresa, dizendo: “novamente, solidificando a forma como as companhias aéreas veem dispositivos de mobilidade como apenas outra bagagem qualquer”.

Depois de suas publicações ganharem tração nas redes, com engajamento e apoio de outros usuários, a Air Canada mudou sua postura e passou a se oferecer para cobrir o custo total do reparo da cadeira de rodas de Ziv. Ela, no entanto, entende que esse é o “requisito mínimo”. O reparo ou substituição pode levar semanas, já que o equipamento é personalizado. Durante esse tempo, a vida da jovem será afetada.

Infelizmente, a história de Maayan Ziv está longe de ser única. Nos Estados Unidos, dados do Departamento de Transportes (DOT) mostram que as companhias aéreas danificaram mal 7.239 cadeiras de rodas e scooters em 2021. São talvez milhões de dólares em prejuízos para todos os lados, mas a resposta não pode vir apenas quando o usuário gera engajamento nas redes, e sim tem que fazer parte do processo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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