Após rompimento com a American Airlines, empresa aérea fica na berlinda

Mais uma empresa aérea regional americana pode entrar com pedido de proteção de falência (o chamado Chapter 11) ou ser comprada, após uma grande companhia romper o contrato.

Eric Salard, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia

Em um e-mail interno, a American Airlines (AA) informou que entrou em comum acordo com a parceira regional Mesa Airlines, que fazia os voos sob a marca American Eagle, para encerramento do acordo. A AA cita que a Mesa “teve vários problemas operacionais e financeiros este ano, e como resultado disso estamos preocupados da capacidade da empresa ser uma parceira confiável no nosso crescimento”.

Os problemas com a Mesa não são recentes, e a empresa já esteve dentro da Lei de Falências em 2010 e 2011, como resultado da crise de 2008, mas desde então tem sido criticada por ser a que menos paga seus funcionários em várias áreas, além de ter uma administração que não tem feito a companhia crescer.

Com a recente disputa entre empresas para aumento de salário e retenção de pilotos, a Mesa foi ficando para trás, perdendo pessoal e o clima interno piorando.

Na carta da American Airlines, é citado que, com o início da baixa-temporada em março de 2023, os voos da American Eagle operados pela Mesa serão reduzidos de maneira substancial e chegarão a zero no dia 3 de abril, quando o contrato se encerra. A empresa ressalta que não haverá impacto nas rotas, já que as parceiras Envoy Air e PSA Airlines irão abrir bases de tripulantes nos Aeroporto de Phoenix e Dallas, exatamente onde a Mesa estava.

Foto por Glenn Beltz

O anúncio desta abertura de bases não é novo e já era considerado um sinal de que a Mesa seria deixada de lado pela American em breve. Outro ponto destacado pela grande companhia aérea americana foi a reentrada da Air Wisconsin como parceira, que tinha deixado de fazer voos para a American em 2018 e voava, desde então, apenas para a United.

Inclusive, a própria United será a única cliente da Mesa Airlines a partir de agora, já que a empresa tinha 64 jatos Bombardier CRJ-900 operados para a American Eagle e o restante da frota, 80 aeronaves Embraer E175, operam para a United Express.

A própria Mesa afirmou a seus funcionários que negocia para que a United absorva os CRJ-900 através da United Express, mantendo as bases de tripulantes adicionais e abrindo adicionais em Denver e Houston. Porém isto abre um novo problema para a Mesa: o contrato atual da United Airlines com seus pilotos limita o número de aeronaves de até 76 assentos. Esta cota já foi atingida, e a única possibilidade seria operar o CRJ com 26 assentos a menos, indo para 50 passageiros, no máximo.

Isto se dá pelo fato dos pilotos da companhia principal (United Airlines) limitarem o número de assentos, aeronaves e rotas que as terceirizadas operam através da subsidiária (United Express). A Mesa poderia fazer esta redução de assentos, mas teria um custo maior de operação e receberia o mesmo de quem voa com jatos menores de 50 assentos, já que as terceirizadas são pagas por viagens completadas, independente da capacidade do avião.

Cenários

Rumores no mercado da aviação regional apontam para três cenários: o primeiro deles é a compra da Mesa por outra empresa, como a Republic Airways ou SkyWest Airlines; a segunda é a compra pela própria United para se tornar uma subsidiária totalmente dependente, e por fim, o terceiro cenário seria a entrada em Recuperação Judicial.

Este último daria tempo para a empresa renegociar com fornecedores e postergar aumento de salários, mas também pode levar a liquidação total da mesma. O primeiro cenário é o mais provável, mas vale destacar que o segundo tem um ponto forte: os aviões elétricos ES-19 da sueca Heart Aerospace.

Esta aeronave a hélice de quatro motores elétricos é uma das grandes promessas da nova geração de aviões ecológicos e já tem contratos com a Air Canada, a portuguesa Sevenair e 200 pedidos com a United, que vinculou à operação pela Mesa. Os ES-19 podem ser facilmente transferidos para outra parceira da United Express, mas não devem ser cancelados (a não ser que o projeto do avião não vingue).

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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