Avião Boeing 737 perdeu o controle após pushback e bateu num poste por falta de pressão hidráulica

Imagem: BEA

Investigadores franceses descobriram que a tripulação de um Boeing 737-400 cargueiro da Bluebird Cargo não ativou uma bomba elétrica para pressurizar o sistema hidráulico da aeronave, deixando os freios inoperantes. Isso fez com que a aeronave perdesse o controle após o pushback. O incidente ocorreu no Aeroporto de Paris Charles de Gaulle em novembro do ano passado.

O avião de carga, registrado TF-BBM, estava saindo da posição de estacionamento I81 para realizar um serviço para Lisboa. Os procedimentos normais exigiam a partida do motor direito primeiro. No entanto, a unidade de potência auxiliar estava fora de serviço e uma unidade de potência terrestre estava conectada ao lado direito, levando a tripulação a ligar primeiro o motor esquerdo enquanto mantinha o motor direito desligado.

De acordo com a BEA, a autoridade de investigação francesa, um pino de travamento foi acionado no trem de pouso do nariz do 737. A aeronave possui dois circuitos hidráulicos, A e B, cada um pressurizado por uma bomba mecânica de um motor ou uma bomba elétrica do outro.

Como o motor direito não estava funcionando, o circuito B teve que ser pressurizado com a bomba elétrica do motor esquerdo, que é responsável pelo sistema de frenagem hidráulica normal da aeronave.

Após o pushback, a tripulação foi solicitada pelos funcionários em solo a acionar o freio de estacionamento para liberar a barra de reboque. No entanto, mesmo após a confirmação de que o freio de estacionamento havia sido ativado, o sistema de frenagem não estava pressurizado. Apenas a luz indicadora no cockpit mostrava que o controle do freio de estacionamento estava corretamente ajustado.

Quando o trator de reboque foi desconectado, o avião começou a se mover para a frente com a barra de reboque ainda presa ao eixo da roda do nariz. O trator não conseguiu se reconectar e o pino de travamento da engrenagem do nariz impediu que a tripulação controlasse a aeronave.

O avião acelerou, atingindo uma barreira e um poste de iluminação antes de finalmente parar. A asa esquerda sofreu danos substanciais, incluindo a ponta, os trilhos dos flaps e o revestimento. Houve também um vazamento de combustível. Apesar do risco “significativo” para o pessoal envolvido, tanto os pilotos quanto os funcionários em solo saíram ilesos.

A BEA concluiu que a tripulação “muito provavelmente” não ativou a bomba elétrica para pressurizar o circuito hidráulico B, mas também não descarta a possibilidade de uma falha intermitente da bomba.

Normalmente, a perda de pressão no sistema de frenagem normal levaria a uma mudança para o sistema alternativo. No entanto, esse sistema é pressurizado através do circuito hidráulico A, que não foi ativado pela tripulação de acordo com os procedimentos operacionais normais.

A BEA também informou que um acumulador poderia fornecer pressão temporária aos sistemas normal e alternativo, mas este havia sido esgotado desde o voo anterior.

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Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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