O comércio aéreo internacional na Argentina praticamente parou nesta terça-feira (10), após a Administração Federal de Receitas Públicas (AFIP) implementar um “bloqueio informático” de 72 horas na Terminal de Cargas Aéreas no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, uma instalação responsável por mais de 95% das importações e exportações de mercadorias por via aérea do país.
A AFIP justificou essa decisão em um comunicado onde detalha que, desde abril passado, há mercadorias cobertas por quatro guias aéreas cuja localização e estado são desconhecidos. Isso constitui “um evento de gravidade notável“, pois implica na incapacidade da detentora da permissão de localizar mercadorias das quais é depositária.
Inicialmente, segundo noticia o Aviacionline, eram oito as guias “desaparecidas“, sendo que quatro foram localizadas em julho. No entanto, desde então, não houve resposta da Terminal de Cargas Aéreas em relação às demais. A AFIP argumenta que o tempo decorrido até agora é mais do que suficiente para conduzir uma investigação minuciosa, dada a natureza controlada e delimitada do caso.
As companhias aéreas, umas das principais afetadas por essa medida, manifestaram preocupação com o que descreveram como uma “paralisação surpreendente e inesperada da operação de comércio exterior aéreo na Argentina“. Felipe Baravalle, Diretor Executivo da Câmara de Companhias Aéreas na Argentina-JURCA, apontou que isso gera repercussões econômicas e operacionais graves e imediatas para a indústria de carga aérea e para aqueles que dependem desse serviço para soluções em 24 horas.
A surpresa gerada por esse comunicado levou vários operadores a solicitar um “Embargo Aéreo”, que implica na suspensão da recepção e envio de carga para este destino. Apesar de o comunicado mencionar seus fundamentos em questões relacionadas à importação, também resultou na paralisação total das exportações em andamento, bem como na necessidade de suspender tudo o que está a caminho ou programado para os próximos dias.
Essa interrupção sem precedentes nas cadeias de suprimentos e na logística do comércio exterior aéreo afetará muitas empresas e setores econômicos que dependem disso para se manterem competitivos no mercado global.
O Aeroporto representa mais de 95% das operações de Carga no país. “Implementar essa paralisação de carga sem considerar o impacto na marca argentina nos mercados estrangeiros é difícil de compreender. Não se percebe que a importação e exportação de bens de origem biológica, como vacinas, amostras médicas e medicamentos críticos destinados a transplantes cardíacos, assim como bens perecíveis como frutas, verduras, carnes, peixes e laticínios, estão em risco?” concluiu o líder da JURCA, instando as autoridades competentes a tomarem todas as medidas necessárias para resolver urgentemente a situação.
Leia mais: