Boeing diz que acusações contra problemas no 777 são falsas e que 787 dura 30 anos sem inspeção

Após um ex-funcionário e denunciante ir até o Congresso americano acusar a Boeing de negligência, a fabricante defendeu os aviões 777 e 787.

Sam Salehpour foi engenheiro da Boeing por alguns anos e nos últimos três em que esteve na fabricante diz ter alertado seus superiores sobre problemas no 787 Dreamliner, sendo que foi “retaliado” e transferido para o programa do 777, um avião mais antigo, porém com um histórico de segurança maior, mas lá ele também teria achado problemas na montagem das fuselagens no jato.

Em testemunho ao Comitê de Transportes do Congresso Americano, Salehpour afirmou que a Boeing não tem nenhuma cultura de segurança e que os funcionários que falavam dos defeitos eram “ignorados, marginalizados, ameaçados, deixado de lado e punidos com coisas piores”.

Ele diz que a empresa fazia atalhos para corrigir os problemas das fuselagens, e que era ignorado para que a produção não ficasse atrasada. “Eu literalmente vi pessoas pulando em cima de partes do avião para alinhá-las” afirmou o engenheiro.

Para Salephour, a Boeing deveria paralisar imediatamente todos os voos com o Dreamliner, e parar de fabricar o 777 até uma revisão completa de controle de qualidade ser feita. “Se eu morrer hoje (em decorrência do testemunho e fazendo referência ao colega denunciante encontrado morto), eu estarei em paz”, concluiu o ex-funcionário.

Fabricante rebate

Em sua defesa a Boeing divulgou uma nota no seu site e redes sociais afirmando que “Estamos completamente confiantes no 787 Dreamliner devido ao trabalho abrangente realizado para garantir a qualidade e a segurança de longo prazo da aeronave. Essas alegações sobre a integridade estrutural do 787 são imprecisas. As questões levantadas foram submetidas a rigorosa análise de engenharia sob supervisão da FAA. Esta análise validou que a aeronave manterá sua durabilidade e vida útil ao longo de várias décadas, e essas questões não apresentam preocupações de segurança. Continuamos a monitorar essas questões conforme os protocolos regulatórios estabelecidos e incentivamos todos os funcionários a se manifestarem quando surgirem problemas. A retaliação é estritamente proibida na Boeing.”

A fabricante destacou o histórico de serviço do jato: “Em 13 anos de serviço, a frota global de 787 transportou com segurança mais de 850 milhões de passageiros em mais de 4.2 milhões de voos. Um 787 pode operar com segurança por pelo menos 30 anos antes de precisar de rotinas expandidas de manutenção da estrutura da aeronave. Testes extensivos e rigorosos da fuselagem e verificações pesadas de manutenção de quase 700 aeronaves em serviço até o momento não encontraram evidências de fadiga na estrutura da aeronave. Sob supervisão da FAA, inspecionamos e retrabalhamos minuciosamente aeronaves e melhoramos a qualidade de produção para atender a padrões exigentes. Estamos completamente confiantes na segurança e durabilidade do 787 Dreamliner.”

Já sobre o Triple Seven, que está sendo alvo de acusações de denunciantes apenas agora com a fala de Salehpour, a Boeing disse que “Estamos completamente confiantes na segurança e durabilidade da família 777. Essas alegações são imprecisas.”