Conversamos com o piloto que fez um voo de quase 21 horas no Airbus A400M

EXCLUSIVO – Um recente recorde batido pelo avião cargueiro militar Airbus A400M teve grande planejamento e desafios, que foram contados pelos pilotos com exclusividade ao AEROIN.

Foto – Tom Barnard / RAF

O recorde em questão foi batido pelo A400M Atlas da Royal Air Force, a RAF, que se deslocou para o exercício Mobility Guardian 2023 (MG23), realizado junto da Força Aérea dos EUA, a USAF, e de outros países aliados.

O voo totalizou mais de 20 horas, do Reino Unido para a ilha de Guam, no Pacífico, e bateu o recorde do cargueiro militar da Airbus, que é equipado com quatro dos maiores motores turboélices do mundo, o Europrop TP400, com 11 mil cavalos de potência cada.

A bordo desta aeronave estava o Comandante do Esquadrão, Headley Myers, que também é Piloto de Linha Aérea civil. Ele conversou com exclusividade com o AEROIN sobre o voo recorde e o exercício, confira a entrevista:

AEROIN: O que foi necessário para fazer um voo recordista como esse?

Myers: Totalizamos 20 horas e 36 minutos, voando por 8 mil milhas náuticas (14 mil km), da nossa base em Brize Norton até Guam, com 3 reabastecimentos em voos feitos por 2 aeronaves Airbus A330MRTT Voyager. O primeiro reabastecimento aconteceu dentro do Círculo Polar Ártico, e o segundo e terceiro já sobre o Pacífico, ainda chegamos em Guam com combustível suficiente para ir para um aeroporto de alternativa sem precisar reabastecer novamente, enquanto levávamos 8 pallets de carga.

Imagem: RAF

A: Quais foram as maiores dificuldades durante este tipo de operação?

M: Levar duas aeronaves (contando com o segundo A330) para um local remoto como o ártico já é um grande desafio, Manter as aeronaves conectadas por uma mangueira de abastecimento por 20 minutos por vez, exigiu muita concentração e habilidade.

A: Quais foram as medidas de segurança tomadas para voar estas aeronaves num espaço aéreo congestionado do Exercício MG23?

M: Além das regras de rotina que temos, fazemos um planejamento extra antes do exercício, incluindo contingências, para garantir que a segurança das aeronaves e das tripulações continue sendo a maior prioridade.

O Atlas pode voar em qualquer condição climática e à noite. Usamos um sistema de câmeras com raios infravermelhos que projetam uma imagem no Head Up Display (tela de vidro que fica na frente do piloto), isto junto com óculos de visão noturna permite que façamos uma operação segura e eficaz em locais remotos.

Imagem: RAF

A: Para o MG23, quais os tipos de cargas que vocês levaram, aproveitando-se da grande capacidade do A400M?

M: As atividades no exercício são variadas, levando passageiro e carga para vários locais de treinamento. Normalmente levamos 8 pallets e 45 passageiros num só voo, mas também treinaremos evacuação aeromédica, com 8 macas além de 2 UTIs aéreas, junto de 40 profissionais da saúde. Esta configuração médica pode ser mudada de acordo com a necessidade do paciente.

Cockpit do Voyager | Imagem: RAF

Além dos EUA e do Reino Unido, participaram do treinamento forças aéreas da Austrália, Canadá, França, Japão e Nova Zelândia.

Agradecemos ao Air Mobility Command da USAF e ao Centro de Operações da RAF pela oportunidade desta entrevista.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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