Nessa semana, informamos com exclusividade sobre o registro do primeiro Airbus A320 em nome da Aerolinhas Brasileiras SA, conhecida como ABSA. A aeronave em questão, que tem matrícula brasileira PR-MHW (msn 3630), é um jato de 13 anos de idade recebido inicialmente pela TAM e, depois, pintado nas cores da Latam após a fusão das empresas.
O motivo
O motivo que levou a Latam a transferir essa aeronave para a ABSA não foi revelado pela empresa, que preferiu não responder à indagação do AEROIN. Da mesma forma, não temos informações sobre outras aeronaves sendo transferidas à ABSA. É certo, no entanto, que não se trata de um movimento comum.
Primeiro porque, apesar de ter habilitação para realizar voos de passageiros, a ABSA não o faz. Ao contrário, ela é usada pela Latam na operação de voos puramente cargueiros com Boeings 767 sob a marca Latam Cargo. Em segundo lugar, porque as transferências de aeronaves de passageiros entre as empresas do grupo são realizadas entre Latam Chile e Latam Brasil (TAM Linhas Aéreas), sem envolver a ABSA.
No ano passado, rumores de mercado diziam que a Latam contrataria tripulantes através da ABSA como uma forma de repactuar contratos de trabalho, num momento em que a empresa não conseguira a anuência desejada para baixar os salários dos profissionais. Por lei, a Latam não poderia baixar o salário pura e simplesmente e, para tanto, usaria um outro instrumento: a ABSA. Embora isso jamais tenha sido publicamente anunciado pela Latam, fontes de alto valor confirmam a iniciativa.
O roteiro misterioso
A maior curiosidade de todo esse movimento está na rota que a aeronave PR-MHW fez. Ou que está fazendo, já que, no momento em que essa publicação era escrita, o jato ainda estava em voo de Fortaleza para São Paulo.
Primeiro ATO: Ela esteve realizando voos para a Latam Brasil até 4 de outubro, quando foi levada para São Carlos, no interior de São Paulo, onde a empresa aérea mantém um centro de manutenção.
Segundo ATO: Em 8 de outubro, o jato foi realocado para Guarulhos, onde teve sua pintura totalmente removida.
Terceiro ATO: A aeronave foi transferida no papel da TAM Linhas Aéreas para a LATAM Chile. No dia 21 de outubro, a aeronave seguiu para Santiago do Chile, transferida para a matriz do grupo.
Quarto ATO: em 22 de outubro, a Latam Chile assina um contrato de arrendamento da aeronave para a ABSA.
Quinto ATO: Segundo dados do RadarBox, no dia 3 de novembro, o jato voou de Santiago a Fortaleza, seguindo uma rota conhecida, usada pela Latam na nacionalização de aeronaves.
Sexto ATO: em 6 de novembro, após nacionalização da aeronave, o PR-MHW decolou rumo ao sul com o número de voo JJ-9431.
Vamos acompanhar os próximos ATOS, lembrando que a aeronave segue com uma pintura toda branca, como fontes de Fortaleza nos informaram.
– Se ela for novamente pintada nas cores da Latam, será muito curioso, pois ela já tinha a pintura atual do grupo há meses, a qual foi retirada apenas para esse movimento não-usual;
– Se ela voltar a fazer voos regulares da Latam, também será interessante, pois até o começo de outubro o jato voava normalmente em trechos domésticos no Brasil, sendo que sua retirada da frota teria acontecido apenas para a “troca de mãos”.
