Entenda por que o avião Tech Shark da Embraer não tem um registro brasileiro

O mais novo “predador” da Embraer chamou a atenção não apenas pela pintura inédita e exótica, mas pelo registro incomum.

Divulgação – Embraer

O exemplar de demonstração do jato Embraer E190 E2 estreou uma nova roupagem no Singapore Airshow 2022, maior evento aeronáutico do sudeste asiático. Baseado no conceito Profit Hunter (Caçador de Lucros), este jato incorpora a pintura de um peixe metálico, destacando sua alta tecnologia e sua “agressividade” de mercado.

No entanto, o avião que serve de base para esse “tubarão de metal” tem uma história curiosa, como citamos anteriormente, destacando sua “rejeição” por seu antigo operador.

Após sua produção, em 2019, a aeronave em questão deveria ter ido, originalmente, para a chinesa Fuzhou Airlines, subsidiária do grupo HNA, que desistiu do avião em meio a uma crise. Após uma segunda recusa, desta vez por parte da empresa Cazaque Air Astana, o jato acabou finalmente encontrando um operador, a norueguesa Widerøe.

Assim, em junho daquele mesmo ano o jato recebeu a matrícula LN-WEX, da Noruega, sendo o quarto exemplar do modelo na frota da Widerøe. No entanto, a companhia tinha encomendado apenas três jatos E190 E2, sendo esse avião extra um suporte à frota durante o verão daquele ano (lembrando que a Widerøe também possui 12 opções de compra para E190, mas nunca as exerceu).

Sendo assim, tão logo o verão acabou, a Widerøe deu um ponto final à vida desse E190 E2, que estava sobrando, e o devolveu à Embraer em novembro do mesmo ano. Desde então o avião ficou estocado em Alverca, nas instalações da OGMA (subsidiária da Embraer em Portugal), e depois foi para os EUA, na cidade de Nashville, capital do Tennessee.

Sem dono ele ficou estocado com a matrícula maltesa 9H-AHY. Após muito tempo parado, ele voltou para a Embraer em dezembro passado.

Eis que, em fevereiro, ele ressurge com a pintura do tubarão e um registro diferente, o 2-RLET, um padrão de prefixo das Ilhas Guernsey, um conjunto de ilhas britânicas que tem apenas um aeroporto com uma pequena pista, mas que, devido à liberdade para empresas, se tornou uma espécie de “paraíso fiscal” muito conveniente para registrar negócios, imóveis e até aeronaves.

E foi ali que o jato acabou sendo registrado para a Embraer com o auxílio da Regio Lease, empresa especializada em administração de aeronaves, com suporte ao leasing, venda e manutenção.

“Nós ajudamos no registro da aeronave com a autoridade responsável e a emissão do Certificado de Aeronavegabilidade e de Certificado de Operador Privado, que permitiu que este avião feroz seja um caçador de lucros pelo mundo”, afirmou a publicação da Regio Lease no LinkedIn.

Não está confirmado publicamente se a aeronave foi registrada em Guernsey por conveniência de bandeira, ou se tem algum lessor como real dono da aeronave, e não a Embraer, que apenas a teria solicitado para fazer um tour de demonstração com a aeronave. Fato é que tal prática é incomum, pois os aviões de demonstração da fabricante brasileiro costumam seguir o padrão de marcas daqui, ou seja, PT, PP, PR e PS.

Carlos Martins
Carlos Martins
Fascinado por aviões desde 1999, se formou em Aeronáutica estudando na Cal State Long Beach e Western Michigan University. #GoBroncos #GoBeach #2A

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