A proibição do uso de celulares no chamado lado-ar do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, provocou uma série de manifestações e protestos na semana passada por parte de funcionários que prestam serviços em solo no aeroporto.
O movimento causou atrasos e cancelamentos e acabou sendo classificado como ilegal, pois se posiciona contra a portaria da Receita Federal ALF/GRU nº 57, criada para ampliar a segurança do sítio aeroportuário. O ponto é que a restrição deverá ser ampliada para outros aeroportos no país.
Após reunião com diversas outras autoridades, a Receita Federal anunciou na semana passada o estudo para ampliar a proibição ao uso de celulares na área restrita em outros aeroportos do país também para aumentar a segurança contra o terrorismo e o combate ao tráfico de drogas.
As quadrilhas de tráfico internacional de entorpecentes têm aliciado trabalhadores com acesso às bagagens dos passageiros para manipular as etiquetas e as malas. Com o auxílio de celulares e de mensagens de texto e imagem, passam informações para os demais integrantes da quadrilha, como ficou comprovado em investigação da Polícia Federal.
No dia seguinte às manifestações do dia 3, tendo como referência ação penal de 2020 sobre tráfico de drogas, o Ministério Público Federal convocou representantes das empresas aéreas, das empresas de apoio em solo, da administração aeroportuária de Guarulhos, dos sindicatos dos trabalhadores, e convidou também diversas autoridades públicas para uma reunião de emergência. Houve consenso no sentido de que medidas de restrição nas áreas sensíveis são necessárias e caracterizou como ilegal as manifestações.
A recente portaria publicada pela Receita estabelece que os colaboradores que transitam em áreas sensíveis de GRU Airport não devem usar aparelhos que captam imagens, sendo assim, está proibido o uso de celulares sem o controle das autoridades nestas áreas.
Para garantir que os colaboradores não fiquem incomunicáveis, desde agosto as empresas que prestam serviços no sítio aeroportuário criaram um canal de emergência, através do qual os colaboradores possam ser contatados a qualquer momento.
Foi viabilizado também local para armazenagem dos celulares particulares dos colaboradores, quando necessário. Além disso, as empresas adquiriram centenas de celulares e tabletes, bem como respectivos softwares, para fazer frente às necessidades das operações aéreas e das normas da Receita Federal.
“O movimento de paralisação de alguns trabalhadores na semana passada foi considerado irregular: além de contestarem a determinação de autoridade pública, prejudicaram passageiros do Brasil todo, pois voos cancelados em Guarulhos criam uma onda de atrasos nas demais linhas aéreas. Os grevistas se esqueceram que optaram por trabalhar numa atividade essencial, e isso não é brincadeira”, disse Ricardo Aparecido Miguel, presidente da Abesata (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo).
E completa: “Para aqueles que são extremamente dependentes do celular e não querem se submeter à central de emergência criada pelas empresas de ground handling resta partir para outros desafios, fora dos pátios de aeronaves, terminais de passageiros e carga aérea”.
Hoje, as empresas de ground handling no Brasil respondem por 95% das operações em solo, desde a limpeza de aeronaves, com foco na sua desinfecção, transporte terrestre e atendimento de passageiros, tripulantes, check-in, manuseio de carga, canal de inspeção – security – para embarque de passageiros, bagagens e cargas aéreas, entre outras modalidades.
Informações da ABESATA