Singapore Airlines é a última a flertar com o abandono dos A380

Como uma companhia aérea totalmente focada em conexões internacionais tendo a “pequena” cidade-estado como base, somado a uma frota composta apenas por aeronaves de grande porte, a Singapore Airlines está sofrendo duplamente com a crise. Para piorar, as fronteiras de Cingapura ainda estão “mais fechadas do que abertas” e o número de passageiros chegou a cair 99,5%.

Na semana que passou, os executivos comunicaram ao mercado que se deram um período de 3 meses para avaliar a jovem frota de 220 aeronaves do grupo inteiro, incluindo as subsidiárias Silk Air e Scoot, embora os dois primeiros sejam fundidos ainda este ano. O plano inicial é de que a Singapore e a Silk Air se tornem uma única empresa e o destino da low-cost Scoot ainda é uma incógnita.

Com uma perspectiva bastante pessimista para a recuperação da demanda e do tráfego aéreo, a empresa está avaliando que ações podem ser adotadas para reduzir ainda mais os custos, depois de reportar perdas de 730 milhões de dólares. A empresa, no entanto, está capitalizada, tendo em sua posse $16,8 bilhões em ações e $8,9 bilhões em dinheiro e linhas de crédito, com liquidez de curto prazo.

Some $5billion worth of Aircraft from around the world now being holed up in the desert near Alice Springs due to COVID-19 travel downturn

Posted by Steve Strike on Sunday, May 3, 2020

A380 na mira

A empresa também rompeu o silêncio com relação aos seus A380. Segundo o release a investidores dessa semana, um dos alvos da alta administração é o A380. Uma grande parte desses aviões está no deserto de Alice Springs, na Austrália, como falamos recentemente, e alguns poucos restantes em Cingapura. A aérea estima que a remoção dessas aeronaves economizaria US$ 1 bilhão em custos e que, por um prazo ainda incerto, não espera vê-los cheios de passageiros ou carga.

A Singapore Airlines tem hoje uma frota de 19 Airbus A380 e foi a primeira empresa aérea do mundo a aposentar um deles, quando a aeronave acabou sendo repassada à portuguesa Hi Fly. No entanto, o novo plano já prevê a retirada de, pelo menos, 8 unidades, ainda que elas tenham menos de dez anos de uso. Enquanto isso, outras 11 permaneceriam na frota, embora com status de armazenadas por algum tempo.

Carlos Ferreira
Carlos Ferreira
Managing Director - MBA em Finanças pela FGV-SP, estudioso de temas relacionados com a aviação e marketing aeronáutico há duas décadas. Grande vivência internacional e larga experiência em Data Analytics.

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