Rasante do Boeing 757 presidencial pega mal na Argentina; piloto desrespeitou a Torre de Controle

Passagem baixa da aeronave sobre o Aeroparque

No final da tarde da última quinta-feira (25), em meio a uma crise e inflação acima dos 100%, a Argentina recebeu seu mais novo avião presidencial, um antigo Boeing 757 em configuração VIP. Sua chegada ao Aeroparque, em Buenos Aires, vindo de Miami, nos Estados Unidos, causou grande repercussão negativa em meio aos argentinos e foi criticada por especialistas da aviação.

Conforme pôde ser assistido em uma matéria anterior do AEROIN (clique aqui para relembrar), o jato realizou uma passagem baixa sobre o eixo da pista 13 do aeroporto. No entanto, na tarde do voo, a chuva era persistente, a visibilidade reduzida e o ângulo em que a aeronave sai do eixo da pista, dizem os especialistas foi questionável.

Descida não autorizada

De acordo com todo o áudio de comunicação do piloto com a Torre de Controle, obtido pelo jornal argentino Clarín, o comandante ignorou as ordens para não descer. “Ele colocou em risco a segurança dos outros aviões. Desceu a uma altitude que não estava autorizado“, comentou um piloto.

Em uma das passagens, o piloto pede autorização para descer abaixo de 3.000 pés, ao que a torre lhe diz para aguardar alguns minutos a liberação do espaço aéreo sobre o Aeroporto de San Fernando para autorizar o pedido. A partir desse momento, inicia-se uma série de diálogos confusos em que as respostas demoram e a comunicação não é clara.

Não desça de 3.000 pés para evitar penetrar no pouso de San Fernando“, diz a voz feminina na torre de controle, ao que o piloto responde: “Descida livre para o ARG-01?“. Mas do controle não permitem: “Negativo, mantenha a 3.000 pés.

Não satisfeito com a recusa do controle, por insistência ou falha de comunicação, o piloto então é visto no radar descendo com a aeronave. A controladora intervém: “Segure em 3.000. Dê-me dois minutos para liberar o ATZ do SANFER e eu lhe darei descida livre.”

E o piloto insiste: “Ah, entendi que era descida livre. Estamos mantendo… 2.300 pés.

“Nunca lhe dei descida livre”, diz a controladora. “Desculpe. Estamos a 2.300 pés. Subindo a 3.000 pés”, completa o piloto, antes de realizar a passagem sobre a pista, desta vez com autorização da Torre.

Passagem autorizada

Após a repercussão da passagem, o Grupo Aéreo Presidencial emitiu um comunicado que foi transmitido pelo La Nación. O próprio piloto afirma que foi solicitada autorização à torre de controle do Aeroparque para realizar “o sobrevoo no eixo da pista como recepção das aeronaves incorporadas à frota aérea“.

Tal passagem foi autorizada pelo controle, sendo de uso e costume toda vez que uma aeronave entra ou quando sai um comandante. Estas passagens são autorizadas por decorrerem ao longo do eixo da pista sem sobrevoar obstáculos”, conclui a breve explicação.

Não há informações se o ocorrido sera investigado por autoridades da aviação argentina.

Leia mais:

Juliano Gianotto
Juliano Gianotto
Ativo no Plane Spotting e aficionado pelo mundo aeronáutico, com ênfase em aviação militar, atualmente trabalha no ramo de fotografia profissional.

Veja outras histórias