Validada a realização de decolagens sucessivas nas pistas do Aeroporto de Guarulhos

Como mostrado pelo AEROIN no sábado passado, dia 22 de abril, o Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), unidade subordinada ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), realizou uma operação de decolagens sucessivas de pistas paralelas no Aeroporto Internacional de São Paulo – Governador André Franco Montoro (SBGR), em Guarulhos.

Nota: na ocasião, a operação foi apresentada como decolagem simultânea, pois o briefing operacional do Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA) indicava inspeção de “Decolagem Simultânea SBGR”. Para assistir novamente ao vídeo que mostra os momentos em que as decolagens sucessivas foram realizadas, clique aqui.

A operação contou também com a participação do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), do Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste (CRCEA-SE) e da Torre de Controle do Aeroporto de Guarulhos (TWR-GRU).

A operação faz parte da terceira fase do Projeto Agile GRU, que visa aumentar a eficiência operacional das operações de aproximação, pouso e decolagem do Aeroporto de Guarulhos.

“Devido à separação entre os eixos das pistas ser inferior a 760 metros, não se pode aplicar os critérios já previstos em regulamentação nacional para Decolagens Paralelas Independentes, operação que ocorre no Aeroporto de Brasília. Por isso, houve necessidade de buscar, dentre as melhores práticas internacionais, o conceito de Decolagens Sucessivas de Pistas Paralelas, onde é possível decolar duas aeronaves de modo simultâneo respeitados os critérios de segurança estabelecidos”, explicou o Coordenador do Projeto Agile GRU, Major Aviador Alexandre Gonçalves de Carvalho.

Duas aeronaves Embraer Legacy 500 (designadas IU-50 na Força Aérea Brasileira) do GEIV decolaram do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e se deslocaram até Guarulhos com duas equipes composta por pilotos inspetores, operadores de sistema de inspeção em voo e mecânicos de voo.

“As aeronaves decolaram de forma paralela e sucessiva de ambas as pistas de Guarulhos, de posições previamente estipuladas e com defasagens de início de corrida de decolagem a partir de referências pré-definidas”, destacou o Major Carvalho.

O Capitão Aviador Felipe Alberto de Lima Souza fez um balanço da missão, destacando que foi possível realizar poucas decolagens, reduzindo o impacto nas operações do aeroporto: “De acordo com o Controle de Aproximação São Paulo, as operações obtidas após as decolagens foram satisfatórias. Com isso, conseguimos um resultado positivo e executamos o mínimo de decolagens possíveis”.

Segundo o Controlador de Tráfego Aéreo do Controle de Aproximação São Paulo (APP-SP), Sargento Rafael Mariano dos Santos, por ser uma operação pioneira no Brasil, diversos ensaios foram realizados por meio de simulações, visando dimensionar os parâmetros que serão utilizados pelos órgãos de controle de tráfego aéreo.

“O voo realizado pelo GEIV foi de extrema importância para validar os critérios estabelecidos, confirmando que o procedimento é capaz de otimizar o fluxo de decolagens em momentos de alta demanda e, ao mesmo tempo, garantir a manutenção contínua dos níveis de segurança operacional no controle do espaço aéreo”, pontuou.

Para o Controlador de Tráfego Aéreo da Torre de Controle Guarulhos, Daniel Affonso Rego Ramos, os voos do GEIV foram essenciais para comprovar o alcance dos parâmetros mínimos estabelecidos no projeto, corroborando os resultados atingidos no STR (Simulador em Tempo Real).

“A Fase 3A do Projeto Agile GRU proporcionará ao controlador de tráfego aéreo da Torre de Guarulhos importante ferramenta que poderá ser utilizada em momentos de maior desbalanceamento entre pousos e decolagens, onde as duas pistas poderão ser utilizadas de maneira quase simultânea para agilizar o fluxo de saídas”, afirmou.

Murilo Basseto
Murilo Bassetohttp://aeroin.net
Formado em Engenharia Mecânica e com Pós-Graduação em Engenharia de Manutenção Aeronáutica, possui mais de 6 anos de experiência na área controle técnico de manutenção aeronáutica.

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